MediaTalks em UOL

Família de repórter americano preso há 12 anos na Síria cobra ação dos EUA para libertá-lo após queda de Assad

Jornalista americano Austin Tice, preso na Síria em 2021, apareceu em um vídeo mas nunca se comunicou desde então

Londres – A queda do governo de Bashar al-Assad na Síria, neste fim de semana, renovou as esperanças para que o premiado jornalista americano Austin Tice seja libertado após mais de 12 anos preso e incomunicável no país, onde estava cobrindo a guerra civil para vários meios de comunicação dos EUA. 

Segundo o National Press Club dos EUA, Tice é o jornalista americano há mais tempo preso por um país estrangeiro. Nunca houve confirmação oficial de que ele tenha sido capturado por rebeldes ou pelo governo, ou mesmo que esteja vivo.  

Com a tomada do poder na Síria pelo grupo HTS, empurrando al-Assad para o exílio, a família de Tice foi a público cobrar empenho de Joe Biden, atual presidente, e Donald Trump, futuro presidente dos EUA para trazer o jornalista de volta.

Em declaração ao Washington Post, os pais do jornalista, Marc e Debra Tice, afirmaram neste domingo que a localização dele continua indefinida.

Mas na sexta-feira, em declarações feitas quando o grupo HTS já avançava sobre importantes cidade sírias, eles revelaram que “uma fonte do governo dos EUA” havia confirmado que Austin Tice estaria vivo e bem de saúde.

A irmã do jornalista, Naomi, disse ao Washington Post que “no caos pode haver oportunidade”. 

Governo Biden e o jornalista preso na Síria 

Embora nunca tenha havido oficialização da prisão de Austin Tice, o governo dos EUA manteve o assunto na pauta diplomática e em várias ocasiões disse que estava conversando com Damasco sobre a sua libertação, sem sucesso. 

No entanto, família e entidades de liberdade de imprensa expressaram ao longo do tempo instatisfação com os esforços do governo.

O FBI disse em um comunicado no domingo que uma recompensa de US$ 1 milhão ainda estava sendo oferecida para informações que levam à “localização segura, recuperação e retorno” de Tice. 

O presidente Biden confirmou a jornalistas na Casa Branca que os EUA acreditam que Austin Tice está vivo, e que o país continua comprometido a levá-lo de volta para casa. 

Mas afirmou que ainda não há evidências diretas, pois primeiro é necessário identificar onde ele está. 

Jornalista americano há mais tempo preso em um país estrangeiro

Agora com 43 anos, Austin Tice teve matérias publicadas em veículos como The Washington Post, Associated Press e AFP , e colaborou com reportagens para as redes CBS , NPR e BBC.

Ele recebeu o Prêmio do Presidente de 2012 do jornal McClatchy e o Prêmio George Polk de 2012 por Reportagem de Guerra.

Antes de se tornar correspondente, Tice serviu nas Forças Armadas. Ele foi capitão do Corpo de Fuzileiros Navais, e é graduado pela Escola de Serviço Exterior da Universidade de Georgetown.

Ao ser capturado, estava se preparando para cursar o último ano de direito na Georgetown Law School.

Austin Tice foi feito prisioneiro em um posto de controle perto de Damasco em 14 de agosto de 2012, a dias de deixar o país.

O reconhecimento de sua prisão foi feito no fim daquele mês pelo então embaixador da República Tcheca na Síria, em conversas com jornalistas de seu país.

Cinco semanas após a captura, circulou um vídeo em que ele aparece vendado e cercado por homens armados em uma encosta rochosa do deserto.

Mas ele nunca foi acusado oficialmente ou julgado, e sem se comunicou com autoridades ou com a família nesses 11 anos em que está na Síria.  Há várias campanhas nas redes sociais pedindo por sua libertação, incluindo uma liderada pelo jornal Washington Post. 

Sair da versão mobile