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No Dia dos Direitos Humanos, um balanço alarmante: 104 jornalistas mortos e 520 presos no mundo em 2024

Londres – Pelo menos 104 profissionais de imprensa foram mortos em crimes relacionados ao trabalho ou durante coberturas em 2024, incluindo 12 mulheres, segundo balanço da Federação Internacional de Jornalistas (IFJ) divulgado neste Dia Mundial dos Direitos Humanos (10 de dezembro). 

Em 2023, a IFJ havia documentado 129 mortes, incluindo 14 mulheres, um dos anos mais mortais para jornalistas desde que  a lista começou a ser publicada, em 1990.

O Brasil não registrou nenhuma morte de jornalista em 2024. Na América Latina foram seis fatalidades – cinco no México e uma na Colômbia.  

Como as entidades listam jornalistas mortos 

O número de jornalistas mortos é contabilizado de forma diferente pelas organizações de liberdade de imprensa internacionais. 

Algumas incluem em suas listas os casos em que há indícios de crime relacionado ao trabalho, enquanto outras só fazem após confirmação oficial. 

Os critérios também variam em relação ao status profissional da vítima. Nem todas listam jornalistas-cidadãos, como blogueiros, que não têm um emprego em veículo de mídia ou registro formal. 

Oriente Médio concentra número de jornalistas mortos em 2024

Pelo segundo ano segundo ano consecutivo, o Oriente Médio detém o que a Federação classificou de “recorde macabro” de jornalistas mortos: 66 em 2024.

Mapa mostra jornailstas mortos no mundo em 2024
Fonte: IFJ

A guerra em Gaza e no Líbano mais uma vez destaca o massacre sofrido por profissionais de mídia palestinos (55), libaneses (6) e sírios (1).

O conflito responde por 60% de todos os jornalistas mortos em 2024.

Desde o início da guerra em 7 de outubro de 2023, segundo a IFJ, o número de jornalistas palestinos mortos aumentou para pelo menos 138, tornando este país um dos mais perigosos da história do jornalismo moderno, atrás do Iraque, Filipinas e México.

Carro atingido por míssil disparado por Israel, deixando dois jornalistas mortos (Foto: divulgação Sindicato de Jornalistas Palestinos via Twitter)

A guerra na Ucrânia novamente ceifou vítimas no continente, com 4 jornalistas mortos em 2024, em comparação com 13 em 2022 e 4 em 2023.

Apesar desse conflito, a Europa continua sendo o continente mais seguro do mundo para a impensa, aponta a Federação. 

O secretário-geral da IFJ, Anthony Bellanger, disse:

“Esses números tristes mostram mais uma vez o quão frágil é a liberdade de imprensa e quão arriscada e perigosa é a profissão de jornalismo.

A necessidade de informação do público é muito real em um momento em que regimes autoritários estão se desenvolvendo em todo o mundo. É necessária uma maior vigilância por parte da nossa profissão.”

A Federação Internacional de Jornalistas voltou a cobrar dos Estados-Membros das ONU a adoção de medidas para garantir uma convenção vinculativa sobre a segurança dos jornalistas.

520 profissionais de imprensa na prisão

Além dos jornalistas mortos, a IFJ listou também a quantidade de profissionais presos em 10 de dezembro de 2024: 520, representando um aumento acentuado em comparação com 2023 (427) e 2022 (375).

Com 135 jornalistas atrás das grades, a China – incluindo Hong Kong – continua sendo o país do mundo com mais profissionais de mídia presos, à frente de Israel (59 jornalistas palestinos) e Mianmar (44).

A região Ásia-Pacífico tem 254 jornalistas na prisão, à frente da Europa (142), do Oriente Médio e do mundo árabe (101), da África (17) e da América Latina (6).

A lista completa, com as circunstâncias da morte, pode ser vista aqui.

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