Um tribunal da Guatemala emitiu um mandado de prisão para o jornalista Juan Luis Font, que vive no exílio desde 2022, sob a acusação de conluio e suborno passivo. Sua pena pode chegar a oito anos de cadeia.
Font, um dos diretores do programa de rádio de notícias Con Criterio, transmitido a partir dos EUA, onde passou a viver, disse ao Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ) que as acusações decorrem de um caso antigo que as autoridades guatemaltecas usam repetidamente para tentar incriminá-lo.
Em março de 2022, o ex-ministro das comunicações Alejandro Sinibaldi acusou o jornalista de se associar ilegalmente à ex-juíza anticorrupção Erika Aifán, apontando para as entrevistas de rádio com ela e tweets nos quais Font criticou “grupos criminosos” por supostamente assediarem a magistrada.
O promotor especial anticorrupção Rafael Curruchiche, que foi sancionado pelos EUA por obstruir as investigações de corrupção, disse à agência de notícias digital Xela News que Font tinha um “relacionamento pré-existente” com Aifán.
Ele citou como evidência o fato de que ambos se seguiam na plataforma de mídia social X desde 2020.
“As autoridades da Guatemala devem acabar com sua busca infundada do jornalista Juan Luis Font, abandonar todos os processos criminais contra ele e garantir que ele possa voltar para casa e trabalhar com segurança e sem medo de retaliação”, disse Cristina Zahar, coordenadora do programa da América Latina do CPJ, em São Paulo.
“Usar o sistema de justiça para perseguir jornalistas é uma tática flagrante de intimidação que prejudica a liberdade de imprensa e os princípios democráticos.”
Jornalista da Guatemala passou mais de 2 anos na prisão e ainda aguarda julgamento
O CPJ vem documentando extensivamente como o sistema judicial e a promotoria da Guatemala abusam do direito penal para assediar e silenciar jornalistas.
Isso inclui o caso do jornalista José Rubén Zamora, fundador e editor do jornal el Periódico, que passou mais de dois anos na cadeia e está atualmente em prisão domiciliar aguardando um novo julgamento.
O jornal acabou fechado depois que Zamora foi preso, os recursos para manter a publicação acabaram e os profissionais da equipe passaram também a ser ameaçados judicialmente.