Londres – Um tribunal no Irã condenou Reza Valizadeh, um cidadão americano-iraniano que foi jornalista da Radio Farda, afiliada à Radio Free Europe/Radio Liberty (RFE/RL), a 10 anos de prisão sob a acusação de “colaboração com um governo hostil”.
Valizadeh trabalhou para a Radio Farda por uma década, deixando a emissora em novembro de 2022. Ele retornou ao Irã no início de 2024 para visitar sua família, mas foi detido em 22 de setembro.
Além da pena de prisão, o tribunal impôs severas restrições a Valizadeh. Segundo seu advogado, após o cumprimento da pena ele está proibido de residir em Teerã ou em províncias vizinhas, não pode deixar o país nem se afiliar a partidos políticos por um período de dois anos.
O Irã é frequentemente acusado de usar prisões arbitrárias de cidadãos estrangeiros ou binacionais como forma de pressão política contra países ocidentais.
Valizadeh é o primeiro americano preso desde o acordo de troca de prisioneiros entre Irã e EUA em setembro de 2023, que resultou na libertação de cinco americanos detidos no país.
Fontes apontam ‘armadilha de segurança’ para o jornalista condenado no Irã
De acordo com a Radio Free Europe, fontes próximas a Valizadeh acreditam que ele foi vítima de uma “armadilha de segurança”.
Essas fontes afirmam que ele recebeu garantias não oficiais de autoridades iranianas de que não enfrentaria problemas legais ao retornar.
A prisão de Valizadeh foi condenada pelo Departamento de Estado dos EUA, que classificou sua detenção como “injusta” e contrária às normas legais internacionais.
Organizações como Repórteres Sem Fronteiras e o Comitê para a Proteção de Jornalistas pediram sua libertação imediata.
Stephen Capus, presidente e CEO da RFE/RL, também defendeu a libertação de Valizadeh, afirmando que as acusações e a sentença são injustas e sem fundamento.
Valizadeh permanece na prisão de Evin, em Teerã, onde enfrenta severas restrições, incluindo acesso limitado a representação legal e contato com a família, informou seu advogado.
O Irã é um dos países mais repressivos no quesito liberdade de imprensa, ocupando o 176º lugar entre 180 países no Índice Mundial de Liberdade de Imprensa de 2024, publicado pela Repórteres Sem Fronteiras.
A organização destaca o país como um dos maiores carcereiros de jornalistas no mundo.
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