Londres – Enquanto o X de Elon Musk vem perdendo usuários e anunciantes insatisfeitos com os rumos da plataforma, o bilionário com mais de 207 milhões de seguidores, que ajudou Donald Trump a ganhar as eleições nos EUA com seu prestígio e seu dinheiro, dá sinais de que pretende ganhar ainda mais influência política no mundo, acenando com uma doação milionária para o partido de extrema direita Reform UK.
O primeiro passo público dessa aproximação aconteceu na última segunda-feira, quando Nigel Farage, líder do Reform, e o tesoureiro do partido, Nick Candy, se encontraram com Musk na residência de Donald Trump em Mar-a-Lago, na Flórida.
O encontro, que durou cerca de uma hora, foi descrito por Farage como uma oportunidade de aprendizado sobre a “estratégia de campanha de Trump”.
Farage publicou uma foto do encontro nas redes sociais, na qual aparece ao lado de Musk e Candy, em frente a um retrato do presidente eleito dos EUA, e escreveu:
“A Grã-Bretanha precisa do Reform”.
A postagem já passa de 5,3 milhões de visualizações.
Quem é o líder da extrema direita do Reino Unido
Nigel Farage é uma figura política controvertida, que durante muitos anos não conseguiu se eleger para o Parlamento britânico. Ele é amigo de Donald Trump e ajudou-o na primeira campanha eleitoral.
Em 2024 Farage havia anunciado que não concorreria nas eleições britânicas deste ano, e que iria trabalhar com Trump na campanha presidencial dos EUA.
No entanto, mudou de ideia aproveitando o desgaste do Partido Conservador, que acabou perdendo as eleições para o Trabalhista, liderado pelo atual premiê, Keir Starmer.
O partido de Farage elegeu cinco parlamentares em julho e teve 14% dos votos, ficando em terceiro lugar e destronando o Liberal Democrata.
Farage é carismático, sabe usar as redes sociais e tem um programa na GB News, a principal rede de TV alinhada a valores da direita. Ele se posiciona contra imigrantes, um discurso parecido com o de Elon Musk.
Com sua comunicação eficiente, ele vem crescendo nas pesquisas de avaliação política, atraindo os britânicos de direita que se decepcionaram com o Partido Conservador.
Na mais recente pesquisa do Instituto YouGov, ele aparece como admirado por 39% do público, enquanto Keir Starmer marcou 26% e a líder do Conservador, Kemi Badenoch, é aprovada por 23% dos entrevistados.
Doação de Musk no Reino Unido pode levá-lo ao centro do poder
Nesse contexto, a doação por Elon Musk e o apoio do bilionário podem representar um impulso real a uma candidatura bem-sucedida de Nigel Farage ao cargo de primeiro-ministro, colocando o empresário como figura relevante na cena política do país, assim como ele conseguiu nos EUA ao se aliar a Trump nos EUA e doar US$ 75 milhões para ajudá-lo a voltar à Casa Branca.
Farage afirmou à BBC que a doação não foi solicitada e que o valor ainda não foi discutido, mas confirmou que as partes estão “em negociações”.
Boatos de que a doação poderia chegar a £78 milhões foram desmentidos. O líder do Reform UK afirmou que Musk está “totalmente a favor” do partido e “quer ajudar”.
Como cidadão americano, Musk não pode fazer doações políticas diretamente no Reino Unido. No entanto, especula-se que a doação poderia ser feita através da filial britânica do X.
Houve ainda especulações, alimentadas pelo pai de Musk, de que os dois seriam elegíveis para cidadania britânica. O empresário nasceu na África do Sul.
Lideranças dos dois partidos principais criticaram a intenção do bilionário, mas Farage defendeu o direito de empresas sediadas no Reino Unido fazerem doações a partidos políticos, conforme as regras atuais.
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