Londres – O controverso romance ‘Versos Satânicos’, do autor indiano Salman Rushdie, está de volta à Índia após 36 anos de proibição. Considerado blasfemo por muitas organizações muçulmanas em todo o mundo, o livro teve a venda proibida em 1988 pelo governo de Rajiv Gandhi após protestos por ferir sentimentos religiosos.

A obra conta a história de dois homens que sobrevivem a um acidente de avião e passam por transformações, incluindo uma subtrama controversa que reimagina a vida do Profeta Maomé com representações fictícias de suas revelações.

Esse trecho que inclui o episódio dos ‘versos satânicos’, causou um clamor global e levou à emissão de uma fatwa pelo aiatolá Khomeini, do Irã, pedindo o assassinato de Rushdie.

A volta do livro às livrarias indianas ocorre após a Alta Corte de Delhi ter encerrado um processo que contestava a proibição, mas não foi resultado de uma vitória. 

As autoridades não conseguiram apresentar a notificação original da proibição, levando o tribunal a presumir que ela não existe.

 Apesar da controvérsia, o livro recebeu o Whitbread Award de Romance do Ano em 1988 e foi indicado ao Booker Prize no mesmo ano.

A vida de Salman Rushdie depois de Versos Satânicos

Após a fatwa emitida pelo aiatolá Khomeini em 1989, Salman Rushdie foi forçado a viver sob proteção policial por quase uma década, enfrentando constantes ameaças de morte.

Ele foi obrigado a se mudar de casa inúmeras vezes e adotar pseudônimos para proteger a si mesmo e sua família.

A perseguição teve impactos sérios em sua vida pessoal e profissional. Amigos e colegas se distanciaram por medo de represálias, e o autor se viu isolado do mundo exterior.

Apesar das dificuldades, Rushdie continuou a escrever, publicando diversos livros ao longo dos anos.

Em 2022, o autor foi vítima de um ataque brutal durante um evento literário em Nova York.

Ele foi esfaqueado múltiplas vezes no pescoço e no torso, sofrendo ferimentos graves que o deixaram com sequelas, incluindo a perda da visão em um dos olhos.

O ataque chocou o mundo e reacendeu as discussões sobre a liberdade de expressão e os perigos enfrentados por artistas que desafiam dogmas religiosos.

Mesmo diante da adversidade, Rushdie se manteve resiliente. Ele continuou a escrever e a defender a liberdade de expressão, demonstrando coragem diante da intolerância e do extremismo.

Em seu livro “Knife”, publicado após o ataque de 2022, Rushdie aborda a experiência traumática e reflete sobre a fragilidade da vida e a importância da resistência.