Londres – Cinco jornalistas palestinos foram mortos em um ataque aรฉreo israelense em Gaza na manhรฃ de quinta-feira (26), quando estavam em um carro de reportagem identificado e com equipamentos de transmissรฃo estacionado perto do Hospital Al-Awda, no campo de refugiados de Nuseirat. 

As vรญtimas eram jornalistas que trabalhavam para o canal de TV Al-Quds Today e foram identificados como Fadi Hassouna, Ibrahim al-Sheikh Ali, Mohammed al-Ladah, Faisal Abu al-Qumsan e Ayman al-Jadi.

Israel alegou que o ataque visava um grupo de combatentes da Jihad Islรขmica, um grupo militante aliado ao Hamas. O canal รฉ ligado ao movimento. 

O exรฉrcito afirmou que agiu com base em informaรงรตes de inteligรชncia que indicavam que militantes do grupo estariam se passando por jornalistas.

No entanto, nenhuma evidรชncia foi fornecida para apoiar essa afirmaรงรฃo, segundo fontes locais e agรชncias de notรญcias internacionais. 

A van ficou interiamente queimada, com marcas de imprensa ainda visรญveis nas portas traseiras.

Uma cerimรดnia fรบnebre foi realizada diante do hospital. Os corpos dos jornalistas foram envoltos em mortalhas brancas, com coletes azuis da imprensa colocados sobre eles.

O ataque foi condenado por organizaรงรตes de liberdade de imprensa, que vรชm seguidamente apontando Gaza como o lugar mais perigoso do mundo para jornalistas.

Gaza, o lugar mais perigoso do mundo para jornalistas

Os nรบmeros de profissionais de imprensa mortos desde o inรญcio da guerra, em outubro de 2022, variam pois os critรฉrios sรฃo diferentes.

Muitos deles perderam a vida em bombardeios ร s suas residรชncias, sem comprovaรงรฃo de que estavam a serviรงo no momento do ataque, mas fontes locais apontam que podem ter sido vรญtimas de ataques deliberados. 

O Sindicato dos Jornalistas Palestinos registra que mais de 190 jornalistas e profissionais da mรญdia morreram desde o inรญcio do ataque israelense ร  Faixa de Gaza.

“Isso reflete o ataque sistemรกtico a jornalistas palestinos, uma violaรงรฃo contรญnua que equivale a um crime de guerra sob o direito internacional”, disse a entidade. 

“Este crime faz parte de uma sรฉrie contรญnua de ataques israelenses a jornalistas palestinos, visando profissionais da mรญdia em todos os momentos e locais, numa tentativa de silenciar a verdade e apertar o cerco ร  liberdade de expressรฃo.”

Como Israel proibiu a presenรงa da imprensa estrangeira em Gaza, os jornalistas locais sรฃo os รบnicos a reportar sobre o que acontece na regiรฃo, e muitos tรชm sido apontados pelas forรงas de Israel como agentes terroristas como justificativa para ataques deliberados mesmo quando os profissionais estรฃo com colete de imprensa e carros identificados. 

A rede Al-Jazeera, que pertence ao governo do Catar, tem sido a mais visada. Israel proibiu a Al Jazeera, acusando seis de seus repรณrteres baseados em Gaza de serem militantes, e vรกrios foram mortos. 

A Al Jazeera nega essas acusaรงรตes, afirmando que Israel estรก tentando suprimir sua cobertura, que se concentrou no alto nรบmero de vรญtimas civis das operaรงรตes militares israelenses.

A guerra em Gaza

A guerra entre Israel e o Hamas comeรงou em 7 de outubro de 2023, quando militantes liderados pelo Hamas fizeram um ataque surpresa atravรฉs da fronteira.

O ataque matou cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis. Desde entรฃo, operaรงรตes aรฉreas e terrestres de Israel resultaram na morte de mais de 45 mil, de acordo com o Ministรฉrio da Saรบde. 

O conflito deslocou aproximadamente 90% dos 2,3 milhรตes de residentes de Gaza. Centenas de milhares de pessoas agora vivem em campos de tendas superlotados ao longo da costa. 

A imprensa foi dizimada, com destruiรงรฃo de redaรงรตes e ataques sistemรกticos a jornalistas, tornando cada vez mais difรญcil documentar a situaรงรฃo local.