Londres – A China chega ao fim de 2024 mantendo o título de país com mais jornalistas presos no mundo – 125 – e o caso da jornalista cidadã chinesa Zhang Zhan destacou-se este ano como um dos mais emblemáticos exemplos de violação das liberdades de imprensa e de expressão.
Advogada que se tornou jornalista para relatar os acontecimentos em Wuhan, epicentro da covid-19, ela foi solta em maio após cumprir quatro anos de prisão.
No entanto, em 28 de agosto Zhang Zhan foi presa novamente, sob a mesma acusação: “provocar brigas e causar problemas”.
A história da jornalista chinesa presa duas vezes
A primeira prisão da jornalista foi em 14 de maio de 2020, após ter postado mais de 100 vídeos nas redes sociais sobre a situação na cidade de Wuhan, incluindo informações sobre a resposta do governo à crise
Ela foi acusada pelo governo da China de “provocar brigas e causar problemas”.
Segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras, essa acusação é frequentemente utilizada pelo governo chinês para silenciar vozes dissidentes e críticos do regime.
Durante sua detenção, Zhang quase morreu após iniciar uma greve de fome total, demonstrando sua resistência e a severidade das condições a que foi submetida. Enquanto estava no cárcere ela recebeu vários reconhecimentos de organizções de direitos humanos e de lilberdade de imprensa, que pressionaram a China a libertá-la, sem sucesso.
Após cumprir a pena de quatro anos, ela foi libertada, mas a saída da cadeia foi envolta em mistério.
Zhang Zhan reapareceu apenas nove dias depois da data marcada, em um vídeo sem referência ao local onde estava e com ar abatido.
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Jornalista foi presa novamente três meses depois
A liberdade durou pouco. Em 28 de agosto de 2024, Zhang foi presa novamente enquanto viajava para sua cidade natal na província de Shaanxi, mas a informação só foi confirmada em 20 de setembro pelo site de notícias chinês independente Weiquanwang.
Em 19 de setembro, o advogado de Zhang, Fan Biaowen, foi arrastado por policiais enquanto se encontrava com a mãe de Zhang em uma estação de metrô na cidade de Xangai.
Ele foi liberado após oito horas de detenção na delegacia de polícia local. A polícia também deteve brevemente a mãe de Zhang na estação de metrô.
Nas semanas que antecederam a prisão, Zhang Zhan havia compartilhado nas redes sociais notícias sobre o assédio a ativistas na China.
Ela também havia viajado para a província de Gansu para convencer a mãe de um ativista preso a assinar uma procuração, demonstrando seu compromisso em defender os direitos humanos, mesmo após sua experiência traumática na prisão.
A nova detenção se deu sob a mesma acusação de “provocar brigas e causar problemas”, e ela pode enfrentar até cinco anos de prisão.
Atualmente, ela está detida no Centro de Detenção de Pudong, em Xangai.
A Repórteres Sem Fronteiras (RSF) condenou veementemente a prisão de Zhang, classificando-a como “perseguição implacável” do regime chinês a jornalistas independentes.
A nova detenção de Zhang Zhan ilustra a repressão sistemática do governo chinês à liberdade de imprensa e a sua determinação em silenciar vozes críticas, especialmente aquelas que questionam a narrativa oficial.
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