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Em reação ao tarifaço de Trump, China abre investigação sobre Google por ‘violação da lei antimonopólio’

Sede do Google na China

Em uma escalada das tensões comerciais entre China e Estados Unidos, a China anunciou nesta terça-feira (4) uma investigação antitruste sobre o Google, logo após a imposição de tarifas sobre produtos chineses importados para os EUA decretada por Donald Trump.

A ação de Pequim é vista como uma retaliação direta ao “tarifaço”, usando como alvo uma das empresas de tecnologia que passou a apoiar o novo presidente após as eleições.

O Google doou 1 milhão de dólares para a posse de Trump. Seu CEO, Sundar Pichai, participou da festa ao lado de outros pesos-pesados da mídia digital, como Jeff Bezos (Amazon) Mark Zuckerberg (Meta), Tim Cook (Apple) e Elon Musk (X). 

A investigação antitruste contra o Google foi anunciada momentos após as tarifas dos EUA entrarem em vigor, e aconteceu apesar da limitada presença do buscador na China.

O Google interrompeu seus serviços de internet e mecanismo de busca no país em 2010, mas continua algumas operações, incluindo ajudar empresas chinesas que buscam anunciar nas plataformas da empresa no exterior.

A receita gerada por essas operações representa apenas 1% do faturamento global do Google, de acordo com informações da agência Reuters. 

A nota oficial da autoridade chinesa não dá detalhes sobre os motivos da investigação, limitando-se a informar que “como o Google é suspeito de violar a Lei Antimonopólio da República Popular da China, a Administração Estatal de Regulamentação de Mercado iniciou uma investigação de acordo com a lei”. 

O Google tem enfrentado processos por práticas concorrenciais em vários países, incluindo nos EUA. 

China x Trump: Google, combustíveis, minerais e empresas de moda na mira 

Além das investigação sobre o Google, a China impôs tarifas de 15% sobre carvão e gás natural liquefeito, e 10% sobre petróleo bruto, equipamentos agrícolas e veículos de grande deslocamento, incluindo caminhonetes, também provenientes dos EUA.

O país também impôs controles de exportação sobre uma série de minerais essenciais como tungstênio, telúrio, rutênio e molibdênio, recursos importantes para a indústria americana.

O Ministério do Comércio chinês adicionou ainda as empresas americanas PVH Group e Illumina Inc à sua lista de entidades não confiáveis, expondo-as a possíveis restrições ou penalidades.

A PVH é uma empresa de vestuário dona de marcas como Tommy Hilfiger e Calvin Klein, enquanto a Illumina é uma empresa de biotecnologia especializada em sequenciamento genômico.

A imposição de tarifas inclui também o Canadá e o México, mas Trump voltou atrás e suspendeu temporariamente a cobrança sobre produtos importados dos dois países vizinhos.

A reação da China gerou reações mistas nos mercados financeiros globais. Enquanto o índice de ações Hang Seng em Hong Kong e o Kospi da Coreia do Sul subiram, o FTSE 100 de Londres caiu, e a libra esterlina e o euro sofreram leves quedas em relação ao dólar americano.

Os mercados chineses permanecem fechados devido ao feriado do Ano Novo Lunar e reabrirão na quarta-feira.

Trump e a venda do TikTok pela chinesa ByteDance

Em outro front na disputa com a China envolvendo plataformas digitais, Trump segue empenhado concretizar a venda do TikTok para uma empresa americana.

O TikTok, que tem cerca de 170 milhões de usuários nos EUA, foi brevemente retirado do ar antes de uma lei exigir que sua proprietária chinesa, a ByteDance, o vendesse por motivos de segurança nacional, ou enfrentasse uma proibição que entrou em vigor em 19 de janeiro.

Trump, após assumir o cargo em 20 de janeiro, adiou a aplicação da lei em 75 dias. Agora, ele sinaliza que um fundo soberano do governo americano pode ser o comprador do aplicativo. A China se opõe a essa venda. 

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