Uma oferta de US$ 97,4 bilhões liderada por Elon Musk para comprar a organização sem fins lucrativos que controla a OpenAI abalou o mundo da inteligência artificial nesta segunda-feira (10).
A oferta, que visa impedir que a startup se torne uma empresa com fins lucrativos, vem em meio a uma rivalidade histórica e troca de farpas públicas com o CEO da OpenAI, Sam Altman.
A ideia foi recebida com uma resposta sarcástica de Altman, que tuitou: “Não, obrigado, mas compraremos o Twitter por US$ 9,74 bilhões se você quiser” – preço bem mais baixo do que o que o concorrente pagou pela rede social, US$ 44 bilhões. Musk respondeu com apenas uma palavra: “Swindler” (Trapaceiro).
Rivalidade e Troca de Insultos entre Elon Musk e Sam Altman
Essa troca de insultos reflete uma rivalidade pessoal e profissional que se intensificou com o crescimento da OpenAI e a visão divergente dos dois sobre o futuro da IA – ou, na visão de muitos, uma batalha pelo domínio no front mais promissor da indústria de tecnologia.
O homem mais rico do mundo foi em 2015 um dos fundadores da OpenAI, criada como uma entidade sem fins lucrativos, ao lado de Sam Altman junto com outros investidores, incluindo o cofundador do LinkedIn, Reid Hoffman.
Segundo uma longa nota publicada no site da OpenAI relatando os acontecimentos, em 2017 Altman e Musk divergiram sobre o futuro comercial da empresa, diante da impossibilidade naquele momento de levantar recursos para levá-la adiante.
Na versão da OpenAI, Musk queria ter controle e até fundir a OpenAI com a Tesla. Como não houve, acordo ele acabou deixando a sociedade.
A empresa tornou-se um grande negócio e passou a dominar o mercado de IA generativa com seu ChatGPT, que popularizou a IA generativa.
Em 2019 a empresa mudou sua estrutura e a Microsoft injetou US$ 1 bilhão no negócio. Em 2023, ano seguinte ao do lançamento do ChatGPT, as duas companhias firmaram um acordo multianual e multibilionário.
Musk não gostou. Em agosto de 2024 ele entrou com um processo acusando a OpenAI e seu CEO, Sam Altman, de violarem obrigações contratuais ao priorizarem o lucro em detrimento do bem público em sua busca por IA avançada.
Após a vitória de Donald Trump nas urnas, em dezembro, o bilionário fez uma nova denúncia dentro do mesmo processo, alegando que a Microsoft e a OpenAI, dona do ChatGPT, lançaram mão de práticas anticompetitivas para monopolizar o mercado de inteligência artificial generativa e eliminar concorrentes.
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Musk quer mesmo a compra da OpenAI?
Analistas apontam que a oferta de Musk feita nesta segunda-feira pode ser uma tentativa de frustrar os planos da OpenAI de se reestruturar totalmente como uma empresa com fins lucrativos.
A OpenAI precisa compensar sua organização sem fins lucrativos pelo valor justo de mercado do qual está abrindo mão, ao recusar os US$ 97,4 bilhões.
A oferta de Musk, que promete igualar qualquer lance superior, pode aumentar significativamente o preço que a OpenAI terá que pagar.
Além disso, a mudança para uma empresa com fins lucrativos removeria os limites existentes sobre os retornos dos investidores, com a organização sem fins lucrativos perdendo o direito a 100% dos lucros após os investidores atingirem seus limites.
Essa conversão também mudaria o dever fiduciário da OpenAI de “humanidade” para um dever fiduciário de equilibrar o benefício público contra os “interesses pecuniários dos acionistas”.
Seriedade da Oferta e Possível “Golpe Publicitário”
O lance de Musk pode também ser uma forma de reafirmar sua posição na área de IA, depois de ter deixado a OpenAI e criado a xAI.
Alguns consideram ainda a oferta um “golpe publicitário”, uma forma de Musk chamar a atenção para suas preocupações sobre a segurança da IA e a direção que a OpenAI está tomando.
Musk continua alardeando sua opinião sobre a OpenAI, que teria “traído” sua missão original de desenvolver tecnologia de forma segura para o benefício público ao se tornar uma empresa com fins lucrativos.
Enquanto os dois brigam, a chinesa de IA generativa DeepSeek segue preocupando autoridades e especialista em tecnologia, depois de abalar os mercados financeiros ao desafiar as Big Techs americanas, há três semanas.
A segurança de dados na plataforma está na pauta de um encontro na União Europeia que está sendo realizado em Paris nesta semana.
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