Em mais um capítulo de sua contínua batalha contra a imprensa, o ex-presidente Donald Trump elevou o tom contra o Wall Street Journal (WSJ) e aproveitou a oportunidade para um ataque generalizado a escritores e jornalistas que publicam informações baseadas em fontes anônimas, pilar do jornalismo investigativo, ameaçando com processos e insinuando a possibilidade de criar uma lei para punir os responsáveis por tais publicações.
A reação de Trump, nesta quarta-feira (26) foi desencadeada por um texto de opinião do Wall Street Journal, assinado pelo Conselho Editorial, que criticou duramente o efeito de suas propostas de elevar as tarifas de importação, anunciada nos primeiros dias de mandato, sobre a indústria automobilística norte-americana.
O jornal argumentou que as tarifas prejudicariam os trabalhadores do setor automotivo nos EUA e as chances republicanas no estado de Michigan.
Irritado com a crítica, Trump usou sua plataforma Truth Social para atacar o jornal. “O Wall Street Journal está ‘tãaaao errado'”, escreveu Trump.
O presidente afirmou que “as tarifas impulsionarão a manufatura em Michigan, um estado onde eu venci facilmente na eleição presidencial”.
Ele argumentou que as taxação impedirá a construção de novas fábricas de automóveis em outros países, o que seria um “ganho gigantesco” para Michigan e para os Estados Unidos.
Leia também | Suspensão de ajuda internacional por Trump lança jornalismo independente em ‘caos de incerteza’, alerta RSF
Ataque de Trump à imprensa por sigilo de fontes
Além de defender suas políticas, Trump partiu para o ataque contra a imprensa de forma generalizada, prometendo retaliar aqueles que publicam informações críticas baseadas em fontes não identificadas, embora o editorial do jornal tenha sido em boa parte baseado em um estudo econômico e em dados oficiais.
“Em algum momento, vou processar alguns desses autores e editoras desonestos, ou até mesmo a mídia em geral, para descobrir se essas ‘fontes anônimas’ sequer existem, o que em grande parte acontece.
São ficções inventadas e difamatórias, e um alto preço deve ser pago por essa desonestidade flagrante. Farei isso como um serviço ao país. Quem sabe, talvez criemos alguma NOVA LEI!!!”.”
A nova frente de batalha é importante porque o Wall Street Journal pertence a Rupert Murdoch, também proprietário da rede de TV Fox News.
Apesar do alinhamento político da Fox News com Trump, o WSJ tem sido um crítico persistente das políticas tarifárias do ex-presidente.
Em outro editorial publicado em janeiro, o conselho editorial conservador do WSJ chamou as tarifas de Trump sobre o México e o Canadá de “a guerra comercial mais burra da história”.
Alguns dias depois, Trump foi questionado sobre o texto durante um encontro no Salão Oval com a presença de Rupert Murdoch, o maior acionista individual da News Corp., empresa proprietária do WSJ.
“Vou ter que conversar com ele”, disse Trump com um sorriso. “Já estive certo em relação ao Wall Street Journal muitas vezes, posso afirmar.”
Leia também | Em novo embate com a imprensa, Casa Branca assume controle do acesso de jornalistas a eventos com Trump