O BAFTA, prêmio britânico considerado um termômetro da opinião dos jurados da Academia de Cinema de Hollywood e cujos vencedores foram anunciados há duas semanas em Londres, não ajudou muito na aposta dos documentários favoritos ao Oscar 2025, que serão revelados neste domingo (2).
O favorito ao prêmio, Nenhuma Outra Terra também estava indicado ao BAFTA. No entanto, quem levou a estatueta para casa foi Super/Man: A História de Christopher Reeve, que não está entre os selecionados ao prêmio da Academia de Hollywood.
O documentário eleito pelos jurados britânicos fala sobre a ascensão do ator norte-americano Christopher Reeve após alcançar o estrelato como o super-homem na década de 1970 e sua luta após ficar tetraplégico ao cair de um cavalo em 1995. Pelo papel do super-herói ele ganhou o prêmio BAFTA de melhor ator estreante em 1979.
Já para o Oscar, o documentário Nenhuma Outra Terra é considerado o favorito por publicações influentes como Variety e The Hollywood Reporter, referências em crítica cinematográfica.
Confira os indicados ao Oscar de Melhor Documentário
Em 2025, Nenhuma Outra Terra disputa com os documentários Diários da Caixa Preta, Guerra da Porcelana, Trilha Sonora para um Golpe de Estado e Sugarcane. A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood também vai eleger o melhor documentário em formato curta-metragem.
Alguns estão disponíveis no Brasil, no cinema e nos streamings, e outros ainda não tem previsão de lançamento. Confira as sinopses e veja os trailers.
Diários da Caixa Preta (Black Box Diaries), de Shiori Itô
A jornalista Shiori Ito, que se tornou símbolo do movimento MeToo no Japão, conta a história de sua própria agressão sexual e de sua jornada para responsabilizar o agressor, Noriyuki Yamaguchi, um conhecido jornalista de TV. Sua busca se torna um caso marcante, expondo os sistemas judiciais e sociais ultrapassados do país.
O filme não está sendo exibido no Japão por uma controvérsia envolvendo o uso de imagens integrantes dos autos do processo e cuja exibição pública não estava autorizada.
Nenhuma Outra Terra (No Other Land), de Yuval Abraham, Basel Adra, Hamdan Ballal e Rachel Szor
O filme foi feito por um coletivo palestino-israelense de cineastas e ativistas, mostrando a aliança entre Basel Adra, militante palestino, e Yuval Abraham, jornalista israelense, e as contradições e identificações de sua relação, que se torna uma amizade de correspondências políticas e filosóficas.
Basel testemunha o drama da ocupação militar israelense em sua comunidade desde a infância, enquanto Yuval vive livre e sem restrições. O documentário mostra as ruínas e a visita dos dois ao que sobrou de Masafer Yatta, um conjunto de vilas palestinas na Cisjordânia ocupada.
O indicado favorito a levar a estatueta do Oscar ganhou o prêmio de melhor documentário e prêmio do público no Festival de Berlim e melhor documentário no prêmio da Associação de Críticos de Cinema de Los Angeles. Apesar da aclamação, o filme não encontrou uma distribuidora nos Estados Unidos, o que pode ter sido motivado pelo teor político do longa.
Guerra da Porcelana (Porcelain War), de Brendan Bellomo e Slava Leontyev
No meio do caos e da destruição da invasão russa da Ucrânia, três artistas encontram inspiração e beleza enquanto defendem a sua cultura e o seu país. Numa guerra travada por soldados profissionais contra civis comuns, Slava Leontyev, Anya Stasenko e Andrey Stefanov optam por ficar para trás, armados com a sua arte, as suas câmaras e, pela primeira vez nas suas vidas, as suas armas.
Anya encontra resistência e propósito na sua arte, Andrey embarca numa perigosa viagem para levar a sua jovem família para um local seguro no estrangeiro e Slava torna-se instrutor de armas para pessoas comuns que se tornaram soldados improváveis. À medida que a guerra se intensifica, Andrey pega sua câmara para filmar a sua história e, em pequenas estatuetas de porcelana, Anya e Slava captam o seu passado idílico, o seu presente incerto e a esperança para o futuro
Trilha Sonora para um Golpe de Estado (Soundtrack to a Coup d’Etat), de Johan Grimonprez
Jazz é o pano de fundo para contar a história que reescreve o episódio da Guerra Fria que levou os músicos Abbey Lincoln e Max Roach a invadir o Conselho de Segurança da ONU em protesto contra o assassinato de Patrice Lumumba. Nos cinemas.
Sugarcane: Sombras de Um Colégio Interno (Sugarcane), de Emily Kassie e Julian Brave NoiseCat
Uma investigação sobre abuso e desaparecimento de crianças em um internato católico para crianças indígenas, também conhecido como escola residencial, desencadeia um acerto de contas na Sugarcane Reserve, na Columbia Britânica, no Canadá. Disponível no Disney+.
Conheça também os indicados ao Oscar de Melhor Documentário Curta-metragem
Entre os curtas, o indicado favorito é Estou pronto, guarda, que conta a história de um prisioneiro no corredor da morte no Texas e sua busca por perdão enquanto se despede da família. Os outros indicados são Morte por Números, Incidente, Instrumentos de um Coração Pulsante e A Única Mulher na Orquestra.
Morte por números (Death by Numbers), de Kim A. Snyder
Quatro anos depois de ser vítima de um tiroteio em massa em sua escola em Parkland, na Flórida, Samantha Fuentes avalia questões como trauma e justiça em torno do ocorrido enquanto se prepara para confrontar seu atirador no tribunal.
Ainda sem previsão de estréia no Brasil, mas é possível conferir o trailer no YouTube.
Estou pronto, guarda (I am Ready, Warden), de Smriti Mundhra
John Henry Ramirez foi condenado por assassinato e sentenciado à morte no estado do Texas. Durante o encarceramento, ele tenta contato com o filho de sua vítima enquanto se prepara para dizer adeus à sua família.
Preferido para ganhar a estatueta, segundo a Variety. Não disponível no Brasil. Trailer no YouTube.
Incidente (Incident), de Bill Morrison
Uma coleção de imagens de câmeras de vigilância e corporais oferece uma visão do assassinato de Harith Augustus em 2018 e das tentativas imediatas de moldar a história. Sem previsão de estréia no Brasil, mas o trailer está disponível no YouTube.
Instrumentos de um coração pulsante (Instruments of a Beating Heart), de Ema Ryan Yamazaki
Alunos do primeiro ano da educação infantil de uma escola em Tóquio são apresentados a um desafio para o último semestre: cantar a música Ode to Joy, com melodia de Beethoven, em uma cerimônia para os próximos alunos do primeiro ano.
Ayame, que tem dificuldades em acompanhar o ritmo de seus colegas, é designada a tocar o címbalo. Com erros durante os ensaios e a repreensão da professora, ela perde a confiança. Mas com o incentivo de seus colegas e outros professores, ela melhora a performance e toca na apresentação final.
O Japão é comumente associado a conceitos de limpeza, pontualidade e disciplina. O curta busca mostrar que tais fatores não nasceram com os japoneses, mas são culturalmente adquiridos ao longo da educação, e isso é ensinado desde os primeiros anos de escola.
É possível assistir completo no YouTube.
A Única Mulher na Orquestra (The Only Girl In the Orchestra), de Molly O’Brien
A história celebra a pioneira musicista Orin O’Brien, a primeira mulher a fazer parte da Filarmônica de Nova York, e o contrabaixo que ela toca. Disponível na Netflix. O trailer está no YouTube.
A premiação mais famosa do cinema será no dia 2 de março, a partir das 21h no horário de Brasília. No Brasil, a Globo vai transmitir o evento na TV aberta (às 21h55), a TNT na TV por assinatura, e a Max pelo streaming.
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