Londres – Em um mundo cada vez mais interconectado, a capacidade de um país exercer influência fora de suas fronteiras vai além do poder militar e econômico, com a sustentabilidade ambiental exercendo um papel importante nas avaliações de Soft Power, fator crucial na geopolítica moderna.
O Global Soft Power Index (GSPI) 2025, relatório anual publicado pela consultoria britânica Brand Finance, lança luz sobre como a sustentabilidade se tornou um pilar fundamental na construção do Soft Power, impactando diretamente a reputação e o poder de atração das nações.
O Brasil ficou em 31º lugar na edição desde ano, apresentada no dia 20 de fevereiro, enquanto os EUA mantiveram a liderança em influência global e a China conquistou o segundo lugar, que era do Reino Unido.
O Que é o Global Soft Power Index?
O GSPI avalia o Soft Power de 193 países que fazem parte da ONU, com base em pesquisas realizadas com mais de 170 mil respondentes em 100 mercados. A metodologia foi desenvolvida com a contribuição acadêmica do especialista em branding nacional Paul Temporal, da Universidade de Oxford.
O estudo considera diversos fatores, incluindo Familiaridade, Reputação, Influência e oito pilares do Soft Power, cada um com seus atributos.
O índice também avalia a probabilidade de um país ser recomendado como um local para investir, trabalhar, estudar ou visitar, conectando o Soft Power ao desempenho da marca nacional em setores-chave para sua importância global e para o desenvolvimento.
A sustentabilidade ambiental representa um elemento fundamental do Soft Power. O pilar “Futuro Sustentável” avalia as marcas nacionais em quatro aspectos principais:
- Investimento em energia verde e tecnologias
- Ações para proteger o meio ambiente
- Apoio aos esforços globais para combater as mudanças climáticas
- Cidades e transporte sustentáveis
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A relação entre sustentabilidade e Soft Power
A Brand Finance diz ter observado novamente uma forte correlação entre o desempenho de uma nação no pilar Futuro Sustentável e sua pontuação de Reputação.
Também foi constatado o impacto da pontuação do pilar Futuro Sustentável de uma nação sobre a percepção de influência nos Negócios e Comércio, e uma correlação com a força nas Relações Internacionais.
No total, 12 atributos que contribuem para a sustentabilidade são responsáveis por impulsionar 37% da Reputação de uma nação no Índice de 2025, segundo a análise da consultoria, um peso nada desprezível para os países.
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EUA Lideram, mas sustentabilidade é Desafio
Mas o que o índice reflete exatamente? Não é necessariamente a realidade, e sim a percepção.
As nações nórdicas e a Europa Ocidental tem boa performance nas classificações sobre atributos de sustentabilidade, juntamente com o Japão, Canadá, os Estados Unidos e o Reino Unido
No entanto, o relatório destaca uma discrepância entre a percepção de sustentabilidade e as ações concretas de muitos países, reafirmando o poder da comunicação eficiente que pode projetar um país ou conseguir criar uma falsa imagem de nação sustentável.
Algumas nações com forte reputação em sustentabilidade apresentam altas emissões de carbono, enquanto outras negligenciam a comunicação de seus esforços ambientais, perdendo oportunidades de fortalecer seu Soft Power, diz a consultoria.
Os Estados Unidos mantiveram a liderança no ranking geral de Soft Power, impulsionada por sua influência em áreas como relações internacionais, educação, ciência e comunicação.
No entanto, a liderança dos EUA em sustentabilidade foi posta em questão na edição deste ano. Decisões como a saída do Acordo de Paris e políticas ambientais do novo governo de Donald Trump ameaçando mudar a percepção sobre o país mais influente do mundo na arena ambiental.
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Brasil: oportunidades e riscos
No ano em que sediará a COP30, em Belém, o Brasil tem oportunidade de fortalecer seu Soft Power por meio de ações e comunicação eficazes.
Mas questionamentos sobre políticas ambientais e organização da cúpula de mudança climática da ONU, que têm aparecido com destaque na imprensa internacional, podem acabar tendo efeito contrário, influenciando negativamente posição no ranking de influência global.
O Global Soft Power Index 2025 deixa claro que a sustentabilidade não é apenas uma questão ambiental, mas um imperativo estratégico para as nações que desejam prosperar no cenário internacional.