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Diversidade? Oscar é homem, branco e americano, revela análise dos 96 anos do prêmio máximo do cinema

Homem segura estatueta do Oscar, que segue marcado pela falta de diversidade

Análise da Sky News identifica perfil majoritário em vencedores do Oscar (Foto: Reprodução/Instagram/theacademy)

Londres –  Enquanto iniciativas para desmantelar programas de diversidade e inclusão ganharam força no novo governo de Donald Trump como presidente dos EUA,  uma análise da rede britânica Sky News sobre 96 anos de vencedores do Oscar revela um quadro misto em Hollywood.

Apesar de alguns avanços na representatividade de grupos minoritários e mulheres, os dados mostram que o progresso tem sido lento.

Disparidades históricas persistem, com predominância de homens norte-americanos entre os agraciados com a estatueta. Mas há uma lenta jornada em direção à diversidade na premiação mais prestigiada do cinema, como resultado de movimentos como o #OscarsSoWhite, Time’s UP e #MeToo.

Predomínio Americano

De acordo com a análise da Sky News, atualizada anualmente, os norte-americanos dominam as vitórias na história quase centenária do Oscar: quase três quartos (73%) dos 772 prêmios concedidos nas categorias analisadas (Melhor Atriz principal e coadjuvante, Melhor Ator principal e coadjuvante, Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Roteiro) foram para talentos dos EUA.

O Reino Unido ocupa o segundo lugar, mas com apenas 13% das vitórias. Somente França, Itália e Canadá tiveram mais de 10 prêmios na história do Oscar.

Disparidades de Gênero

Historicamente, Hollywood tem sido vista como uma comunidade de homens brancos heterossexuais, e o Oscar reflete essa tendência. Embora tenha havido avanços nos últimos anos, as disparidades de gênero permanecem. 

  •  Nas categorias sem distinção de gênero, como direção e roteiro, a disparidade é evidente: apenas três mulheres ganharam o prêmio de melhor direção em 96 anos, o que corresponde a menos de 10% dos vencedores. 
  • No que diz respeito à idade, as atrizes enfrentaram uma “vida útil” mais curta em comparação com os atores: a juventude é premiada, enquanto homens maduros recebem mais indicações.
  • Em 2021, a idade média dos vencedores masculinos e femininos ficou igual pela primeira vez, aos 50 anos.
  • Em 2024, os vencedores masculinos foram mais velhos do que as  mulheres premiadas. 

  • Apenas 30 mulheres com 40 anos ou mais ganharam o prêmio de melhor atriz, em comparação com 63 homens.
  •  As atrizes têm sido mais premiadas representando mulheres mais velhas, ou atuando em filmes centrados em mulheres. 
  • Nas categorias de apoio, 43 mulheres com 40 anos ou mais ganharam o prêmio, em comparação com 69 homens. Dezessete mulheres com menos de 30 anos ganharam o prêmio, em comparação com apenas quatro homens.

Katharine Hepburn detém o título de mais vitórias, tendo conquistado quatro Oscars de melhor atriz ao longo de quase 50 anos. Já  Meryl Streep é a recordista em indicações, com 21, e também possui três vitórias.

As três mulheres que venceram o Oscar de Melhor Direção foram Kathryn Bigelow, por The Hurt Locker (2010); Chloé Zhao, por Nomadland (2021) e Jane Campion, por The Power of the Dog (2022). 

Este ano há apenas uma na lista de indicados, a francesa Coralie Fargeat, por “A Substância”. 

Etnia e Raça

O Oscar enfrenta há muitos anos críticas por falta de diversidade étnica, comportamento que começou a mudar depois do movimento #OscarsSoWhite em 2015 e 2016. E não é sem motivo. 

  • Apenas 61 vitórias no Oscar em 96 anos foram para pessoas de origens etnicamente diversas nas categorias de atuação, direção e roteiro.
  • Quase metade dessas vitórias ocorreram na última década.
  • Sidney Poitier foi o primeiro homem negro a ganhar o Oscar de melhor ator, apenas em 1964, por Lilies of the Field.
  • Halle Berry foi a primeira mulher negra a ganhar o Oscar de melhor atriz em 2002, por Monster’s Ball. 
  • Apenas em 2021, pela primeira vez na história do Oscar a maioria dos indicados a melhor ator não era branca.
  • Ang Lee foi o primeiro asiático a ganhar o prêmio de melhor diretor, por Brokeback Mountain (2006).

Nos últimos anos, houve um aumento no número de indicados e vencedores de grupos etnicamente diversos. Quase metade das 61 vitórias de pessoas de origens etnicamente diversas ocorreram na última década.

Outros Grupos

A representação de atores LGBTQ+ e pessoas com deficiência é outro desafio. 

Em 2017, Moonlight, um filme LGBTQ+ com um elenco totalmente negro, triunfou no Oscar. Marlee Matlin foi a primeira artista sem audição a ganhar um Oscar em 1987, e Troy Kotsur se tornou o segundo em 2022.

A Academia expandiu significativamente seu corpo votante nos últimos anos, convidando centenas de novos membros, o que pode estar influenciado a lenta mudança. 

Em 2024, pela primeira vez uma artista trans, Karla Sofia Gascón, foi indicada ao prêmio de melhor atriz, concorrendo com a brasileira Fernanda Torres

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