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EUA estão usando IA para revogar vistos de estudantes estrangeiros que apoiem Hamas nas redes sociais

Protesto de estudantes em apoio ao Hamas nos EUA

Protesto de estudantes da Universidade Tulane, em Nova Orleans (reprodução YouTube)

O governo de Donald Trump está utilizando inteligência artificial para monitorar as redes sociais de estudantes estrangeiros com o objetivo de identificar aqueles que publicam conteúdo apoiando o grupo Hamas e revogar seus vistos de estudante nos EUA.

A notícia foi revelada nesta quinta-feira (6) pelo site Axios, que atribuiu as informações a altos funcionários do governo dos EUA.

O Departamento de Estado, sob a liderança do senador Marco Rubio, está à frente da iniciativa, que também conta com a colaboração dos departamentos de Justiça e Segurança Nacional. 

De acordo com o Axios, o sistema de “pegar e revogar”, impulsionado pela IA, já está em operação.

Funcionários do Departamento de Estado informaram ao site que o sistema analisa um grande volume de contas de mídia social de titulares de vistos de estudante, identificando facilmente indivíduos que expressam apoio ao Hamas, considerado uma organização terrorista pelo governo dos EUA.

Fundamento jurídico para revogação de vistos de apoiadores do Hamas

O fundamento jurídico para a operação do governo de Donald Trump é a Lei de Nacionalidade e Imigração de 1952, que concede ao Secretário de Estado poderes para revogação vistos de estrangeiros que representem uma ameaça à segurança nacional – incluindo os que apoiam o Hamas. 

Segundo o Axios, as autoridades também estão monitorando manifestações anteriores contra as políticas de Israel e ações judiciais movidas por estudantes judeus que acusam estrangeiros de envolvimento em atos de antissemitismo.

Os protestos tomaram contas de várias universidades após o início da guerra em Gaza, em outubro de 2023. 

O ex-presidente Donald Trump afirmou, no início de seu mandato, que deportaria estudantes universitários estrangeiros sem cidadania americana que participassem desses protestos.

Reações negativas e preocupações sobre liberdade de expressão

Apesar de se basear em questões de segurança nacional, a iniciativa gerou reações negativas, com preocupações sobre a liberdade de expressão e a privacidade dos indivíduos.

Em entrevista ao Axios, Abed Ayoub, do Comitê Antidiscriminação Americano-Árabe, expressou receio de que o uso da IA possa levar a erros, identificações incorretas e violações de privacidade.

Ayoub fez um paralelo com a Operação Boulder de 1972, criticando o policiamento da fala e o uso de tecnologia para monitoramento.

A União Americana de Liberdades Civis (ACLU) também se manifestou, pedindo às universidades que não punam estudantes ou professores envolvidos em protestos no campus, argumentando que tais manifestações são protegidas pela liberdade de expressão.

A ACLU classificou a campanha como uma ameaça à liberdade de expressão e à liberdade acadêmica nas universidades dos EUA.

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