Londres – Hรก cinco anos o mundo comeรงava a enfrentar a pandemia da Covid-19, uma crise sem precedentes em tempos recentes. A OMS (Organizaรงรฃo Mundial de Saรบde) decretou oficialmente o coronavรญrus uma pandemia em 11 de marรงo de 2020, depois de o vรญrus ter se espalhado rapidamente em diversos paรญses.
O coronavรญrus alterou drasticamente o comportamento da sociedade, a forma de trabalhar e colocou o jornalismo sob risco de uma quebradeira geral, jรก que as pessoas nรฃo podiam comprar jornais, os anunciantes paralisaram suas atividades e seus investimentos em propaganda โ mas o temor nรฃo se confirmou em um ambiente em que notรญcias confiรกveis ganharam valor.
Hoje, com as medidas de impacto de Donald Trump, os sinais cada vez mais evidentes da mudanรงa climรกtica e problemas globais como guerras e migraรงรฃo, muitos parecem ter esquecido a profundidade da crise de saรบde pรบblica que enfrentada hรก tรฃo pouco tempo โ e personagens importantes desse enredo dramรกtico.
Cinco anos depois do inรญcio da Covid, jornalista chinesa parece ter sido esquecida
Um sรญmbolo dessa รฉpoca turbulenta รฉ a jornalista chinesa Zhang Zhan, que permanece detida, sem muita atenรงรฃo do mundo.
Advogada da China que se tornou jornalista-cidadรฃ, ela foi presa pela primeira vez hรก quase cinco anos, em 14 de maio de 2020, enquanto cobria os estรกgios iniciais da pandemia de Covid-19 em Wuhan.
Antes de sua prisรฃo, compartilhou mais de 100 vรญdeos nas redes sociais revelando o drama de uma doenรงa desconhecida em um paรญs em que informaรงรตes sรฃo censuradas.
Em dezembro de 2020, Zhang Chan foi condenada a quatro anos de prisรฃo, sob a acusaรงรฃo de “provocar brigas e causar problemas”.
Durante sua detenรงรฃo, Zhang quase morreu apรณs iniciar uma greve de fome total, demonstrando sua resistรชncia e a severidade das condiรงรตes a que foi submetida.
Enquanto estava no cรกrcere ela recebeu vรกrios reconhecimentos de organizรงรตes de direitos humanos e de lilberdade de imprensa, que pressionaram a China a libertรก-la, sem sucesso.
Apรณs cumprir a pena de quatro anos, ela foi libertada, mas a saรญda da cadeia foi envolta em mistรฉrio.
Zhang Zhan reapareceu apenas nove dias depois da data marcada, em um vรญdeo sem referรชncia ao local onde estava e com ar abatido.
Trรชs meses depois ela foi novamente presa e segue privada de contato com o mundo exterior, pela mesma acusaรงรฃo.
De acordo com a Repรณrteres Sem Fronteiras (RSF), a jornalista estรก sendo mantida no Centro de Detenรงรฃo de Pudong, em Xangai, por “provocar brigas e causar problemas”. Esta nova detenรงรฃo pode resultar em mais cinco anos de prisรฃo.
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Perseguiรงรฃo do regime chinรชs, segundo a RSF
A RSF se disse “consternada e chocada” com as novas acusaรงรตes criminais contra Zhang, criticando o regime chinรชs pela sua “perseguiรงรฃo implacรกvel a jornalistas independentes” e exigindo a sua libertaรงรฃo imediata.
A China รฉ a maior prisรฃo do mundo para jornalistas e defensores da liberdade de imprensa, com pelo menos mais de 120 deles atrรกs das grades. No รndice Mundial de Liberdade de Imprensa de 2024 da RSF, o paรญs ocupa a 172ยช posiรงรฃo entre 180 naรงรตes.
O caso de Zhang Zhan รฉ um lembrete da importรขncia da liberdade de imprensa e da necessidade de proteger jornalistas que buscam a verdade em tempos de crise โ sejam formados em universidades ou jornalistas-cidadรฃos, freelancers ou empregados em veรญculos de mรญdia.
O esquecimento do caso de Zhang Zhan enquanto o mundo enfrenta outras crises demonstra a facilidade com que a memรณria de eventos impactantes pode se dissipar.
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