Enquanto a Tesla sofre boicotes e queda de vendas em todo o mundo, o presidente Donald Trump decidiu, mais uma vez, transformar a Casa Branca em um palco para sua relação com o bilionário dono da empresa: em uma cerimônia nesta terça-feira (11) que mais parecia um comercial disfarçado de política, o presidente anunciou a intenção de comprar de um automóvel da marca, afirmando que o veículo simboliza “confiança em Elon Musk, um grande americano”. 

Contudo, a exibição de Trump como promotor da Tesla pode não ter o efeito desejado, pois os problemas se estendem para fora dos limites dos EUA. 

Donald Trump em um carro Tesla, marca do bilionário Elon Musk
Donald Trump experimenta o Tesla, com Elon Musk no banco do carona. (Foto: Donald Trump Truth Social)

A fabricante de carros elétricos, que no passado era símbolo de modernidade e de sustentabilidade ambiental, enfrenta um boicote internacional crescente, impulsionado pela controvérsia em torno de Musk e sua proximidade com a administração Trump.

Ajuda de Trump a Musk pode não resolver o problema da Tesla 

Na Europa, os resultados são dramáticos: em países como Espanha e França, as vendas despencaram 75% e 45%, respectivamente, nos primeiros meses de 2025.

E a situação financeira da Tesla não está melhor. As ações da empresa sofreram uma queda histórica de 15,4% na última segunda-feira, marcando o pior desempenho diário desde 2020.

Em menos de três meses, o valor de mercado da Tesla derreteu mais de 50%, resultando em uma perda de aproximadamente US$ 800 bilhões em capitalização.

Empresas americanas no alvo após posse de Trump

Este boicote à Tesla é parte de um movimento mais amplo contra empresas americanas. Marcas como Amazon, Target e McDonald’s estão igualmente enfrentando a ira dos consumidores, que vão desde questões relacionadas à diversidade até práticas trabalhistas e ambientais.

O boicote se consolidou como uma ferramenta poderosa para os consumidores, que não hesitam em usar seu poder de compra para pressionar por mudanças.

Os boicotes a empresas americanas se intensificaram em várias partes da Europa, com destaque para os países nórdicos. Na Suécia, por exemplo, tem ganhado força uma mobilização popular que chama os consumidores a repensarem suas compras de marcas como Tesla, McDonald’s, Coca-Cola, Nike e Levi’s.

Esse movimento é uma reação a algumas políticas dos Estados Unidos, como a interrupção do apoio à Ucrânia e a imposição de tarifas sobre produtos europeus.

Nas redes sociais, grupos como “Bojkotta varor från USA” e “Boykot varer fra USA” estão se tornando cada vez mais populares.

Já com dezenas de milhares de membros, esses grupos compartilham dicas sobre marcas alternativas e tentam minimizar a dependência de produtos dos Estados Unidos. 

Em lugares como Dinamarca e Finlândia, há um crescente incentivo ao consumo de produtos europeus, como uma maneira de apoiar a economia local e diminuir a influência das grandes corporações dos EUA.

Tesla pode sofrer ainda mais, dizem analistas

No caso da Tesla, no entanto, o ataque é mais direto, sinalizando um futuro preocupante para a jóia da coroa de Elon Musk, também dono do Twitter (que virou X), da SpaceX e da Starlink, divisão de satélites da companhia aeroespacial. 

Enquanto Trump e Musk tentam minimizar os danos, analistas alertam que a reputação da Tesla pode sofrer um golpe profundo. A imagem da marca, que já foi sinônimo de inovação e sustentabilidade, agora se vê em uma luta difícil para reconquistar a confiança dos consumidores.