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A dor não passa? Vídeos de natureza podem ser analgésico natural, aponta estudo

Mulher com smartphone assistindo vídeo com pássaro

Foto: Canvas / Unsplash

Londres – Para quem frequentemente recorre a medicamentos para o alívio da dor, uma nova pesquisa publicada na revista científica Nature Communications esta semana constatou a eficiência de uma terapia simples e agradável: assistir a vídeos de natureza.

Pesquisadores da Universidade de Viena e de outras instituições europeias investigaram o potencial da exposição a ambientes naturais virtuais para induzir efeitos analgésicos em participantes saudáveis, focando especificamente na dor aguda experimentalmente induzida.

Para avaliar as respostas neurais à dor, os pesquisadores empregaram técnicas avançadas de neuroimagem, incluindo a análise da assinatura neurológica da dor (NPS). Durante o experimento, os participantes receberam choques elétricos controlados enquanto eram submetidos a exames de ressonância magnética funcional (fMRI).

Simultaneamente aos estímulos dolorosos, os participantes foram expostos a diferentes cenários virtuais: paisagens naturais, ambientes urbanos ou um cenário interior.

Vídeos de natureza associados à intensidade e grau de incômodo da dor

Os resultados demonstraram que os participantes que visualizaram as cenas de natureza relataram níveis significativamente mais baixos tanto na intensidade quanto no grau de desagrado da dor, em comparação com aqueles que observaram os ambientes urbanos ou interiores.

Adicionalmente, a análise da atividade cerebral dos participantes revelou que a exposição à natureza estava associada a uma redução na ativação de regiões cerebrais envolvidas no processamento da dor sensorial de nível inferior.

Especificamente, foram observadas diminuições na atividade de áreas conectadas aos aspectos somatossensoriais do processamento da dor, como o tálamo, o córtex somatossensorial secundário (S2) e o córtex insular posterior.

O estudo também constatou uma redução na resposta da assinatura neurológica da dor (NPS) durante a exposição à natureza, um padrão neural específico ligado ao processamento nociceptivo.

É importante ressaltar que o estudo controlou a similaridade estética e sonora entre os estímulos naturais e urbanos para garantir que a redução da dor não fosse atribuída a características negativas dos ambientes urbanos.

Efeitos maiores nos estágios iniciais da dor

Os pesquisadores constataram que a exposição breve e simples à natureza virtual pode induzir efeitos analgésicos genuínos, atuando principalmente no processamento neural da dor em seus estágios iniciais.

Essa descoberta abre novos caminhos. para o uso de estímulos naturais virtuais como uma estratégia complementar e de fácil implementação em abordagens não farmacológicas para o tratamento da dor e na promoção do bem-estar.

A pesquisa não afirma que vídeos da natureza devam substituir medicamentos em situações onde estes são necessários, mas sim que podem representar uma estratégia adicional e de fácil acesso – ao alcance de qualquer um que tenha uma TV, um computador ou um smartphone à mão. 

O estudo completo pode ser visto aqui.

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