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Como um videogame educativo está transformando a educação ambiental em escolas da Europa

Tela de abertura de videogame criado para ensinar sustentabilidade nas escolas

Reprodução

Em uma sala cheia e em ritmo acelerado, um grupo de estudantes toma decisões rápidas na tela: separar o lixo, otimizar a compostagem e colaborar em soluções sustentáveis ​​para sua comunidade virtual.

Os comentários surgem: “Cuidado com o metano!”, exclama uma aluna, enquanto sua colega tenta encontrar a melhor estratégia para reduzir o impacto ambiental.

Estamos em uma sala de aula, mas esta não é apenas mais uma aula. É uma experiência interativa que transforma o aprendizado em uma ação concreta.

Videogame ensina sustentabilidade

A abordagem inovadora faz parte do projeto europeu COM: Apoiar a mudança de comportamento dos alunos em relação aos resíduos alimentares e orgânicos nas escolas.

O programa visa abordar o problema global dos resíduos orgânicos através da educação, promovendo a mudança de comportamento sobre sustentabilidade nas escolas e incentivando a economia circular.

A iniciativa baseia-se em três pilares fundamentais: criação de consciência sobre o impacto ambiental causado pelos resíduos, implementação de ferramentas práticas – como uma plataforma de jogos – e levantamento de dados qualitativos para compreender a dinâmica atual da educação ambiental.

No centro do projeto está um videogame educativo que desafia os alunos a tomar decisões sobre gestão de resíduos e economia circular em cenários virtuais projetados para simular problemas do mundo real.

Conexão entre teoria e prática

Como parte do projeto, conduzimos pesquisas qualitativas em seis países participantes: Grécia, Eslovênia, Itália, Turquia, Romênia e Espanha (País Basco).

Durante esta pesquisa, foram realizadas 136 entrevistas com profissionais da educação, tanto individualmente quanto em grupos focais, revelando dados importantes sobre as práticas atuais de educação ambiental.

Na Eslovênia, por exemplo, estudantes criaram campanhas para reduzir o desperdício de alimentos em suas comunidades.

Essas atividades não só promovem a conscientização ambiental, mas também motivam os jovens a refletir sobre o impacto de seus hábitos de consumo e a propor soluções que podem ser implementadas tanto em suas casas quanto em espaços coletivos.

Videogame foi usado para estimular projetos comunitários 

No País Basco, foram lançados projetos-piloto de compostagem comunitária, envolvendo a promoção de sustentabilidade nas escolas e famílias.

Dessa forma, a colaboração entre diferentes atores – nesse caso, alunos e famílias – é fortalecida para transformar a gestão de resíduos em um esforço coletivo.

Nessa linha, o material do projeto COM propõe uma atividade na qual os alunos elaboram e desenvolvem um plano de triagem de resíduos em suas casas.

Este plano inclui tudo, desde decidir onde colocar as lixeiras até atribuir responsabilidades dentro da família para realizar as coletas e depositar os resíduos nos recipientes apropriados.

Essa experiência prática envolve os alunos e impacta positivamente suas famílias ao introduzir hábitos sustentáveis ​​em casa.

Gestão de resíduos e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

A gestão de resíduos orgânicos não apenas aborda desafios urgentes, mas também está alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), uma proposta internacional promovida pelas Nações Unidas para um futuro sustentável.

Por exemplo, separar adequadamente os resíduos e evitar que eles acabem em aterros sanitários ajuda a reduzir a emissão de gases poluentes, como o metano.

É uma ação direta que contribui para o combate às mudanças climáticas e o cumprimento do ODS 13, focado na ação climática.

Na sala de aula, esse tópico ganha vida por meio de experiências práticas, onde os alunos não apenas entendem a teoria, mas também desenvolvem habilidades essenciais.

Algumas delas são o pensamento crítico e a resolução de problemas, essenciais para atingir o ODS 4, que defende uma educação de qualidade.

Além disso, ao aprender a aproveitar ao máximo os recursos disponíveis, os alunos adotam hábitos de consumo responsáveis, alinhados ao ODS 12, que promove padrões de produção e consumo sustentáveis.

Dessa forma, as ações em sala de aula estão conectadas a objetivos globais, demonstrando como a educação pode ser uma força transformadora no caminho para um futuro mais justo e sustentável.

Um efeito multiplicador: das salas de aula para o mundo

As escolas, como espaços onde valores e conhecimentos são formados, têm o poder de influenciar além de seus muros.

As lições sobre sustentabilidade aprendidas pelos alunos nas escolas são transformadas em ações concretas em suas casas e comunidades.

Por exemplo, um grupo de alunos que aprendeu a fazer compostagem na escola e decide replicar em casa, consegue reduzir o volume de resíduos enviados para aterros sanitários.

A educação, combinada com ferramentas inovadoras como a gamificação, posiciona-se como uma das formas mais eficazes de enfrentar os desafios ambientais.

Essa abordagem, que entrelaça teoria e prática, ajuda a preparar as gerações futuras para construir um mundo mais sustentável.

A mudança começa na sala de aula, mas seu impacto pode ir muito além.

Este artigo foi publicado originalmente no portal acadêmico The Conversation e é republicado aqui sob licença Creative Commons.

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