Londres – Em mais um episódio de repressão à imprensa na Turquia, o jornalista da BBC Mark Lowen foi detido por 17 horas em Istambul e deportado nesta quinta-feira (27) sob acusação de representar “uma ameaça à ordem pública”. 

Mark Lowen, que viveu na Turquia por cinco anos, foi acusado também de não possuir a credencial necessária para atuar como jornalista.

Ele vinha cobrindo os protestos que tomaram conta do país depois da prisão do prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, adversário político do presidente Recep Erdogan. 

A BBC e organizações de defesa da liberdade de imprensa protestaram contra a deportação do jornalista.

Deborah Turness, chefe de jornalismo da rede, classificou o caso como “extremamente preocupante” e enfatizou “a necessidade de proteger a liberdade de imprensa, fundamental para qualquer democracia”.

‘Jornalismo não é crime’

Mark Lowen é um experiente jornalista internacional, que já fez coberturas para a BBC em mais de 40 países e está baseado atualmente em Roma. 

Após ser deportado, Lowen compartilhou a nota oficial da BBC sobre o caso em suas redes sociais, e escreveu: 

“Ontem (quarta-feira) fui detido pela polícia em Istambul, mantido por 17 horas e depois deportado da Turquia para o Reino Unido.

Disseram que eu era ‘uma ameaça à ordem pública’. No país em que vivi – e amo. O jornalismo não é um crime.”

Jornalista da BBC deportado, mais um caso de repressão

O episódio ocorre em um contexto de manifestações crescentes contra o governo turco depois da prisão do prefeito de Istambul. 

Os protestos são considerados os maiores na Turquia em mais de uma década e resultaram na detenção de quase 1.900 manifestantes.

Organizações de defesa da liberdade de imprensa afirmam que jornalistas locais e estrangeiros estão enfrentando agressões, detenções arbitrárias e ameaças.

Há relatos de uso de gás lacrimogêneo e balas de borracha contra profissionais da imprensa, além da censura a veículos independentes e silêncio da mídia estatal sobre os protestos.