Londres – Milhares de pessoas se uniram neste sábado (29) nos EUA e em vários países para protestar contra Elon Musk, no “Dia Mundial” contra o bilionário convocado pela campanha Tesla Takedown.
O movimento surgido nos EUA em fevereiro por iniciativa de celebridades e condena o papel de Elon Musk na política e sua relação com a administração de Donald Trump. O Dia de Ação Global foi a maior mobilização até agora, com centenas de manifestações não violentas diante de lojas ou fábricas da Tesla acontecendo em várias cidades.
A campanha incentiva o boicote à Tesla, com orientações para que consumidores vendam seus carros e ações da empresa, e tem atraído o apoio de grupos e indivíduos que questionam as atitudes e influência de Musk dentro e fora do país.
O que disse Elon Musk sobre os protestos
Em posts no Twitter/X reagindo às manifestações, Musk questionou “quem estaria financiando” os atos, e escreveu:
“O objetivo da esquerda é destruir minha influência. Então, eles fazem incansavelmente uma propaganda negativa sobre mim, como as falsas acusações de nazismo, e ignoram qualquer coisa positiva. Eles são malignos.”
Musk passou a ser associado ao nazismo depois de fazer um gesto relacionado ao movimento em uma solenidade oficial. Muitos cartazes das manifestações dos protestos do Tesla Takedown neste sábado faziam alusão a essa ligação, nos EUA e no mundo.
Já nos EUA os participantes abordaram também em faixas, cartazes e discursos o inconformismo com os atos conduzidos pelo DOGE, o departamento de eficiência governamental que está eliminando benefícios, serviços e até a ajuda internacional americana.
Veja as imagens postadas pelos participantes do Tesla Takedown nas redes sociais
Em Berlim, manifestantes formaram o nome do movimento com cartazes e propuseram o boicote aos carros elétricos da marca, que já foi símbolo de modernidade ao se posicionar como opção para pessoas conscientes da necessidade de combater as mudanças climáticas.
Em Londres, o protesto aconteceu diante da loja da Tesla na área central da cidade. O cartaz convida os que discordam de Musk a ‘buzinarem”.
Em Bristol, o protesto incluiu referências ao nazismo, tema de uma campanha que ganhou as ruas da capital britânica em fevereiro.
Na Suíça, mesmo distantes dos EUA os manifestantes que aderiram ao movimento Tesla Takedown querem ver o bilionário fora do governo Trump.
Os canadenses, irritados com as ameaças de Donald Trump de incorporar o país aos EUA, também foram às ruas em várias cidades como Vancouver e Ottawa, desafiando até a neve.
Mas foi nos EUA que o Dia Mundial de Ação contra Elon Musk convocado pelo movimento Tesla Takedown teve mais alcance. Fotos dos atos em cidades pequenas e grandes como Nova York e Chicago inundaram as redes sociais neste sábado.
A CNN estimou que pelo menos 200 protestos aconteceram nos EUA.
Os cartazes, faixas e discursos foram direcionados à figura de Elon Musk e também a medidas tomadas pelo governo sob sua influência, como corte de benefícios e de pessoal em áreas importantes como saúde e gestão do clima.
Em muitos locais foram vistas faixas sugerindo que o empresário (nascido na África do Sul e com cidadania americana) seja demitido ou deportado, em referência às novas políticas imigratórias dos EUA.
O movimento Tesla Takedown
Nos Estados Unidos, os organizadores do Tesla Takedown incluem Alex Winter, Joan Donovan, John Cusack, Edward Niedermeyer e Valerie Costa. No Reino Unido, John Gorenfeld, um engenheiro de software que vive em Londres, é um dos principais líderes.
Kusack é um dos que aparecem no vídeo do movimento Tesla Takedown defendendo atos pacíficos contra a marca, embora vários episódios de vandalismo tenham sido registrados recentemente.
À Fortune, Edward Niedermeyer, um dos primeiros organizadores do movimento, declarou que a intenção final é destruir as finanças do homem mais rico do mundo:
“O objetivo, eu diria, é levar Musk à falência — fazer desmoronar seu império.”
Mark Kelly, senador democrata pelo Arizona e um dos que aderiu à ideia, anunciou que estava se livrando de seu Tesla porque o carro passa a simbolizar a agenda política de Elon Musk.
Ele anunciou um vídeo no Twitter/X — que acabou se tornando viral:
“Eu comprei um Tesla porque ele era rápido como um foguete. Mas agora, toda vez que eu o dirijo, me sinto como um outdoor ambulante para um homem que está desmanchando nosso governo e machucando as pessoas. Então, Tesla, você está demitido!”
A frase faz alusão ao bordão do programa estrelado pelo presidente Trump, O Aprendiz, em que ele demitia os candidatos reprovados.
A cantora Sheryl Crow também se livrou de seu veículo elétrico, vendendo o carro e repassando o valor integral à National Public Radio (NPR). Ela postou um vídeo no Instagram mostrando o Tesla indo embora em um reboque, e escreveu:
“Meus pais sempre disseram… você é com quem anda. Chega um momento em que você precisa decidir com quem está disposto a se alinhar. Adeus, Tesla.
Dinheiro doado para a @npr, que está sob ameaça do ‘Presidente Musk’, na esperança de que a verdade continue a alcançar aqueles que querem conhecê-la.”
O repasse à rádio pública ocorreu devido aos riscos de desmonte da instituição pelo DOGE.
O ator Jason Bateman foi outro que se livrou do seu Tesla alegando se sentir “andando com um adesivo de Trump” ao dirigir o automóvel.
Leia também | Voice of America e ONGs processam governo Trump por ‘fechamento ilegal’ da rede de notícias