Londres – O príncipe Harry está no centro de uma polêmica envolvendo a ONG Sentebale, que ele cofundou em 2006 como um tributo à sua mãe, a princesa Diana, para apoiar crianças e jovens afetados pelo vírus HIV no Lesoto e em Botsuana. 

Harry e a presidente do Conselho da entidade, Sophie Chandauka, estão desde a semana passada em uma guerra aberta na imprensa, e que já chegou aos tribunais. 

Em um lance dramático, o príncipe e membros do conselho decidiram se afastar da Sentebale, mas neste domingo Chandauka deu uma entrevista a um dos programas mais influentes da TV britânica e apresentou sua versão dos fatos, colocando mais lenha na fogueira ao acusá-lo de bullying e de usar a máquina de RP dos Sussex para desacreditá-la. 

Sentebale: a ONG fundada por Harry em memória de Diana

A Sentebale funciona em Londres e foi fundada em 2026 por Harry em conjunto com o príncipe Seeiso de Lesoto, em homenagem às mães dos dois. 

Príncipes Harry e Seeiso, fundadores da ONG Sentebale, que está no centro de uma polêmica
Príncipes Harry e Seeiso, fundadores da ONG Sentebale, criada em 2006 (foto: divulgação)

Sophie Chandauka é uma advogada nascida no Zimbabue que se tornou executiva de grandes multinacionais, foi condecorada pela realeza por sua trajetória e já havia ocupado o conselho da entidade antes de se tornar presidente, em 2023. 

Na última quarta-feira (26) Harry anunciou em um comunicado conjunto com Seeiso a decisão de sair da Sentebale devido a uma “ruptura irreparável nas relações entre os curadores da entidade e a presidente Sophie Chandauka”.

Ele afirmou que a renúncia foi feita em solidariedade aos membros do conselho que também decidiram se afastar após conflitos internos e recusa da presidente em renunciar ao cargo. 

Chandauka resolveu então contra-atacar. 

Na sexta-feira (28) ela anunciou medidas legais para manter sua posição, sob o argumento proteger a integridade da organização e sua missão, além de denunciar o que descreveu como abuso de poder e má gestão por parte dos curadores. 

E no domingo ela elevou ainda mais a temperatura da polêmica com o príncipe Harry em uma entrevista sobre os acontecimentos envolvendo a ONG no programa matinal do jornalista Trevor Philips, na Sky News, palco de temas políticos e econômicos. 

Críticas de presidente da ONG: de que Harry é responsabilizado?

Na entrevista, Chandauka acusou Harry de “assédio e bullying em larga escala” e alegou que Harry teria usado a “máquina de relações públicas dos Sussex” contra ela.

A presidente afirmou que o príncipe teria autorizado a divulgação de informações prejudiciais sem consultá-la, além de ter levado uma equipe de filmagem da Netflix para um torneio beneficente de pólo em abril de 2024 na Flórida. 

Segundo Chandauka, isso não apenas elevou os custos operacionais, mas também afastou patrocinadores que preferiram não ser incluídos em um documentário comercial.

Houve ainda uma confusão envolvendo Meghan Markle, que inicialmente havia confirmado que não compareceria mas apareceu de última hora com a tenista Serena Williams. Durante a cerimônia de premiação, ela pediu mudanças na organização do palco, o que foi registrado pela imprensa.

Após o evento, Sophie Chandauka afirmou que foi pressionada por Harry a emitir uma declaração em apoio a Meghan, mas recusou.

Chandauka também declarou que Harry tem responsabilidade direta pela queda significativa na arrecadação de fundos da ONG Sentebale, que o príncipe atribui a ela. 

Segundo a presidente do Conselho, a saída de Harry e Meghan Markle do Reino Unido em 2020 afetou drasticamente a capacidade de atrair patrocinadores e doadores, situação agravada pelo livro de memórias Spare e pelo documentário da Netflix contando o afastamento do casal da realeza, que os envolveu em temas controversos. 

Ela argumentou que a ausência do príncipe em eventos e seu distanciamento público geraram incertezas entre os apoiadores, reduzindo o interesse em investir na organização.

Chandauka também destacou que Harry continuou a associar sua imagem à entidade mesmo sem participar dela ativamente. 

A resposta de Harry e os desdobramentos da polêmica

Fontes próximas ao príncipe classificaram as alegações como “completamente infundadas”.

Elas afirmaram a jornais britânicos que a renúncia de Harry foi motivada por preocupações com a má gestão de Chandauka e que a decisão de se afastar foi tomada em conjunto com outros curadores.

Além disso, ex-membros do conselho da Sentebale defenderam Harry, descrevendo o estilo de liderança de Chandauka como “autoritário” e negando algumas das alegações feitas por ela.

No site da Senetable, os príncipes Harry e Seeiso continuam aparecendo como co-fundadores.

Na seção de notícias, uma nota assinada pela diretora executiva da ONG, Camille Gaillard, admite os problemas na cúpula, lamenta a saída dos fundadores e curadores que os acompanharam e afirma que o trabalho de ajudar crianças no campo vai continuar. 

O desafio será conseguir recursos para manter as atividades com a polêmica envolvendo o príncipe Harry dominando as manchetes dos jornais britânicos.