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Gisèle Pelicot vai processar revista Paris Match por fotos feitas na rua por paparazzo: ‘violação de privacidade’

Giselle Pelicot

Foto: Wikimedia Commons

Gisèle Pelicot, a francesa símbolo de coragem pela forma como enfrentou publicamente sua condição de vítima de estupros em série organizados por seu próprio marido, anunciou nesta quinta-feira (17 ) por meio de seu advogado a intenção de mover um processo contra a revista Paris Match.

A ação judicial é motivada pela veiculação de sete fotos na edição da revista publicada horas antes. 

As imagens, captadas sem consentimento, mostram Gisèle acompanhada de um homem, apontado pela publicação como seu novo companheiro, caminhando na cidade onde atualmente reside, na Ile de Ré. 

Advogado de Gisèle Pelicot explica processo contra Paris Match   

Em um comunicado de imprensa enviado à agência AFP, um dos seus advogados, Antoine Camus, expressou indignação: 

“Cada vez que a privacidade da nosso cliente for violada, reagiremos e buscaremos condenação. Isto é muito chocante dado que se trata da história de uma mulher cujo consentimento foi negado durante dez anos e cuja provação foi registrada por cerca de 3 mil fotos e vídeos tirados em seu conhecimento.

No entanto, [Gisèle] ser objeto de um paparazzo depois disso é um sinal de que [a revista] não entendeu nada desses quatro meses de julgamento.”

A Paris Match se referiu também a um programa que estaria sendo gravado pela HBO, com base em um livro que Gisèle Pelicot está escrevendo.

Uma das fotos da revista mostra uma equipe de filmagem acompanhando os dois pelas ruas da pequena cidade. 

O advogado afirmou que ela  hoje está se concentrando em seu livro para manter o controle sobre sua história, e negou contrato com a plataforma americana.

Gisèle, uma das 100 personalidades mais influentes do mundo 

O processo de Gisèle Pelicot contra a Paris Match reacende discussões sobre os limites éticos da imprensa no tratamento da vida privada de figuras públicas. 

Hoje com 72 anos, ela foi vítima do próprio marido, Dominique, que a drogava para que fosse violentada por dezenas de homens. Ele e mais 50 foram condenados em 2024. 

Pelicot abriu mão do direito de anonimato e deixou que o julgamento fosse registrado pela imprensa sob o argumento de quem deve sentir vergonha não é a vítima, e sim o abusador. 

Reconhecida por sua trajetória inspiradora, Gisèle Pelicot foi nomeada na quarta-feira (16) pela revista Time como uma das “100 personalidades mais influentes de 2025”.

Seu trabalho, pautado em temas como superação, justiça e direitos humanos, a tornou uma voz ativa em debates sobre ética na mídia, feminismo e saúde mental.

Um movimento defende sua escolha para receber o Prêmio Nobel da Paz.

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