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Gangue do Haiti toma controle de estação de rádio e a rebatiza de ‘Radio Taliban FM’

Pneus queimados na rua em ato de violência de gangues no Haiti

Pneus queimados na rua em ato de violência de gangues no Haiti

Uma gangue armada assumiu o controle da estação Radio Panic FM, na cidade de Mirebalais, na região central do Haiti, e a renomeou para “Radio Taliban FM”, passando a usar o canal para transmitir propaganda de atividades criminosas e de seu domínio sobre a cidade. 

A tomada ocorreu em 20 de abril, segundo relatou o diretor da emissora, Joseph Allan Jr., ao grupo local SOS Journalists, de acordo com o Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ). O nome faz referência ao grupo extremista islâmico que governa o Afeganistão. 

A organização informou que os criminosos instalaram seu próprio produtor na estação, que tem transmitido repetidamente uma música lançada por Jeff Larose, líder da facção Canaã do grupo Viv Ansanm — uma coalizão formada por ex-rivais que unificaram forças em 2023 e dominam grande parte da capital, Porto Príncipe.

O Viv Ansanm havia atacado Mirebalais em março, forçando uma onda de deslocamento.

No ar, eles se autodenominam, Taliban, uma forma de assumirem a responsabilidade pela violência e reivindicarem o controle total sobre a cidade que invadiram em 31 de março, fazendo com que milhares de moradores fugissem.

Durante a ofensiva, o jornalista Roger Claudy Israël foi sequestrado com o irmão, mas ambos foram libertados posteriormente.

Já o jornalista Jean Christophe Collègue continua desaparecido, segundo sua família.

Outras rádios no Haiti alvos de gangues 

A Radio Panic FM é a quarta emissora a ser alvo de gangues no último mês, ao lado da Radio Télévision Caraïbes (RTVC), Mélodie FM e TV Pluriel, todas em Porto Príncipe.

O CPJ manifestou forte preocupação com o episódio da rádio e com a violência generalizada: 

“Estamos fortemente preocupados que o caos no Haiti torne quase impossível para qualquer pessoa — jornalistas incluídos — seguir suas vidas diárias com segurança”, afirmou Katherine Jacobsen, coordenadora da entidade para os EUA, Canadá e Caribe.

“A ordem deve ser restaurada, principalmente para que meios de comunicação como a Radio Panic FM possam fornecer notícias aos haitianos e ao mundo, em vez de serem sequestrados para se tornarem porta-vozes de gangues.”

O Haiti ocupou em 2024 a 93a posição no ranking internacional Global Press Freedom Index, publicado pela organização Repórteres Sem Fronteiras, que lista 180 nações. Mas desde então a situação se deterirou ainda mais, com mortes e sequestros seguidos. 

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