Londres – Neste 3 de maio, Dia Internacional da Liberdade de Imprensa, o cenário global para o jornalismo é sombrio, com pouca margem para celebração: o Global Press Freedom Index 2025 , da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), classifica, pela primeira vez em sua história, a situação global como “difícil”. 

Mais de seis em cada dez países viram suas pontuações gerais declinar, e em metade das nações avaliadas, as condições para a prática do jornalismo são consideradas ruins.  

Em meio a este panorama de deterioração, o Brasil (63º no ranking global) se destaca por uma tendência positiva, continuando sua recuperação após o clima hostil da era Bolsonaro.

O país subiu 47 posições desde 2022 e avançou 19 em relação ao ano passado.

No Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, situação do planeta preocupa

No entanto, essa melhora pontual no cenário brasileiro contrasta fortemente com a rota seguida pela vasta maioria do planeta, segundo a RSF. 

Pela primeira vez o índice geral ficou abaixo dos 55 pontos (média de todos os países). 

Embora a violência física e a prisão de jornalistas sejam as violações mais visíveis, e continuem a ser uma realidade brutal em locais como Gaza, México, ou a Eritreia, o relatório da RSF destaca uma ameaça crescente e, muitas vezes, mais difícil de controlar: a pressão econômica sobre os veículos de comunicação independentes.

O indicador que mede as condições financeiras do jornalismo e a pressão econômica sobre a indústria atingiu seu ponto mais baixo na história do Índice RSF em 2025.

Tabela de indicadores Global Press Freedom Index RSF 20025
Fonte: World Press Freedom Index,
©Reporters Without Borders – Blanche Marès & Côme Nottaris

É justamente este fator que “puxou para baixo” a pontuação global. 

Como a Liberdade de Imprensa é Medida

O Índice Mundial de Liberdade de Imprensa da RSF avalia a situação do jornalismo em 180 países e territórios com base em cinco indicadores principais.

Os outros indicadores além do econômico consideram o quadro legal, o contexto político, o quadro sócio-cultural e a segurança dos jornalistas.

A avaliação é feita a partir de questionários respondidos por especialistas (jornalistas, acadêmicos, defensores dos direitos humanos, etc.) e dados quantitativos sobre abusos contra jornalistas. 

O Mapa Global: Altos, Baixos e Zonas de Risco

O mapa da liberdade de imprensa está cada vez mais “avermelhado”, com o laranja escuro e o vermelho apontando os locais em que a situação de liberdade de imprensa é “muito grave”. 

O Brasil, embora tenha melhorado, ainda está na faixa de nações “problemáticas”. 

Em 2025, pela primeira vez na história do Índice, as condições para a prática do jornalismo são ruins em metade dos países do mundo e satisfatórias em menos de um em cada quatro.

Ao todo, 42 países, que abrigam mais da metade da população mundial (56,7%), estão classificados na categoria “situação muito grave”, onde a liberdade de imprensa é quase inexistente e a prática jornalística é perigosa.

Entre os países mais bem classificdos no Índice Mundial de Liberdade de Imprensa, seis que estão entre os 10 primeiros no ranking localizam-se na Europa: Noruega (1ª), Estónia (2ª), Países Baixos (3º), Suécia (4ª), Portugal (8º), e a República Checa (10ª).

A Noruega destaca-se como o único país no mundo a desfrutar de uma classificação “boa” em todos os cinco indicadores do Índice. 

Eritreia (180º), Coreia do Norte (179º) e China (178º) ocupam as últimas posições.