Durante o conclave, quando o mundo está com os olhos voltados para a Capela Sistina, expressões em latim, frequentemente rotulado como “língua morta”, ressurgem na mídia e nas conversas, por ser o idioma oficial da Igreja Católica, carregando séculos de tradição e solenidade.
Desde o Extra omnes até o famoso e esperado Habemus Papam, cada expressão dita em latim marca etapas fundamentais na eleição papal e representa a continuidade histórica da Igreja.
O papa Francisco, embora optasse por linguagens acessíveis em sua missão pastoral, entendia e revisava textos em latim, demonstrando respeito profundo por esse “tesouro de conhecimento e pensamento”, como definiu a língua, segundo o Vatican News, site de notícias oficial do Vaticano.
Latim até nas redes sociais do Vaticano
O Vaticano mantém perfis em redes sociais, como a conta @Pontifex_ln no Twitter, que publica regularmente em latim.
Essa valorização, no entanto, contrasta com uma medida polêmica adotada por Francisco em 2021.
Por meio do documento Traditionis Custodes, ele restringiu o uso do rito tridentino – a forma tradicional da missa celebrada inteiramente em latim, por preocupação com grupos que estariam oferecendo resistência às reformas implantadas por ele.
O latim no conclave: tradição e expressões seculares
Mas na hora da escolha de um novo papa, o latim volta a ganhar destaque.
Na manhã desta quinta-feira (8), o esperado “habemus papam” foi mais uma vez adiado. A fumaça preta saiu da chaminé para sinalizar que a escolha ainda não aconteceu, e o conclave segue em frente.
A palavra conclave vem do latim Cumclavis e quer dizer sob chaves, no sentido de uma reunião fechada e sob sigilo.
Segundo o Vaticano, a escolha é mais do que um processo de votação: é um rito profundamente espiritual, e por isso é conduzido inteiramente em latim – a língua oficial da Igreja.
Na Capela Sistina, do canto “Veni Creator Spiritus” ao momento do “Habemus Papam”, cada etapa é marcada por fórmulas latinas preservadas há séculos.
Durante esses momentos , o latim deixa de ser apenas um patrimônio linguístico e se torna protagonista vivo de uma das tradições mais emblemáticas da Igreja Católica.
O glossário do conclave, segundo o Vaticano
Para ajudar o público a entender o conclave, o Vatican News destacou as palavras e expressões mais usadas durante todo o ritual da eleição papal:
Extra omnes – “Todos para fora”: ordem solene que inicia o sigilo absoluto da Capela Sistina.
“É uma preposição seguida do acusativo que ordena que todos os presentes não autorizados deixem o local prestes a ser fechado”, explica padre Davide Piras, da Secretaria de Letras Latinas do Vaticano.
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Eligo in Summum Pontificem – “Elejo o Sumo Pontífice”: inscrito na parte superior da cédula de votação.
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Acceptasne electionem de te canonice factam in Summum Pontificem? – “Aceitas a eleição como Sumo Pontífice?”
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Quo nomine vis vocari? – “Com que nome queres ser chamado?”
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Habemus Papam – “Temos um Papa”: fórmula de anúncio que será proclamada pelo protodiácono, seguida pela bênção Urbi et Orbi.
A fórmula completa inclui as palavras em latim: Annuntio vobis gaudium magnum: habemus Papam! Eminentissimum ac Reverendissimum Dominum, Dominum (e aqui vai o nome de batismo do eleito), Sanctae Romanae Ecclesiae Cardinalem (aqui vai o sobrenome do eleito não traduzido para o latim), qui sibi nomen imposuit (e aqui vai o nome pontifício, seguido pelo número ordinal, se houver).
- Urbi et Orbi: é uma expressão latina que significa “à cidade [de Roma] e ao mundo”.
A bênção Urbi et Orbi, realizada no balcão central da Basílica de São Pedro, no Vaticano, será o primeiro ato público previsto para o novo papa.
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