O governo de Donald Trump demitiu nesta quinta-feira (15) cerca de 600 jornalistas contratados da Voice of America (VOA), emissora pública dos Estados Unidos conhecida por levar notícias a países onde a liberdade de imprensa é limitada.
A medida, autorizada por decisão judicial recente, representa mais de um terço da força de trabalho da VOA e inclui dezenas de profissionais estrangeiros que agora enfrentam o risco de deportação.
Ao justificar a ação, a Casa Branca afirmou querer cortar gastos e combater o que chamou de “viés anti-Trump” na cobertura da emissora. Mas, para críticos, a decisão levanta um alerta grave: Trump demite jornalistas e enfraquece um dos principais símbolos do jornalismo independente financiado pelo Estado americano.
Trump demite jornalistas e ameaça estrangeiros com deportação
Fundada em 1942 durante a Segunda Guerra Mundial, a Voice of America é a maior emissora internacional de rádio e TV dos Estados Unidos, com conteúdo transmitido em 48 idiomas.
Sua missão era oferecer notícias precisas e imparciais a audiências em países onde a imprensa sofre censura ou controle estatal. Com audiência semanal de mais de 360 milhões de pessoas, a VOA é frequentemente a única fonte confiável de informação para populações em regimes autoritários.
Entre os demitidos estão dezenas de jornalistas estrangeiros, cujos vistos estavam atrelados ao emprego na VOA.
Agora, com o fim do vínculo, eles enfrentam risco iminente de deportação e, em alguns casos, de prisão ao retornar a países como Belarus, Vietnã e Myanmar.
A decisão foi justificada pelo governo Trump como uma medida de contenção de gastos e combate ao suposto “viés anti-Trump” da emissora.
Organizações de liberdade de imprensa, no entanto, apontam a ação como um golpe na independência editorial da VOA.
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Diretor critica decisão: “Trump demite jornalistas sem justificativa clara”
Michael Abramowitz, diretor da VOA, enviou um comunicado interno em que se disse “desolado” com as demissões.
Segundo ele, muitos dos profissionais afetados fugiram de regimes opressores e agora podem ser forçados a retornar a ambientes hostis.
Em publicação no LinkedIn, ele reiterou que continuará lutando pela segurança e pelos direitos dos profissionais desligados.
A jornalista Patsy Widakuswara, correspondente da VOA na Casa Branca, também criticou duramente a medida.
Parceria com OAN gera alerta: Trump demite jornalistas e politiza conteúdo
Paralelamente às demissões, o governo Trump anunciou uma parceria entre a VOA e a rede OAN (One America News Network), pró-Trump e conhecida por veicular desinformação.
A iniciativa despertou temores de que a VOA perca sua autonomia editorial e passe a funcionar como veículo de propaganda governamental.
Críticos afirmam que ao mesmo tempo em que Trump demite jornalistas, entrega a estrutura da VOA a aliados ideológicos.
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Repercussão global: desmonte da VOA preocupa especialistas
A decisão do governo Trump foi celebrada por governos como China e Rússia, que há tempos criticam a atuação internacional da VOA.
Especialistas apontam que o enfraquecimento da emissora abre espaço para regimes autoritários expandirem sua influência.
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