A presidente e CEO da rede de TV americana CBS News, Wendy McMahon, renunciou ao cargo nesta segunda-feira (19) em meio a uma crise envolvendo Donald Trump, um processo judicial bilionário e a fusão da emissora com a Skydance Media.

A executiva deixou o cargo após desacordos com a Paramount Global, controladora da CBS. A CBS News é alvo de uma ação movida por Trump, que acusa o programa “60 Minutes” de editar de forma tendenciosa uma entrevista com a ex-vice-presidente e candidata à presidência pelo Partido Democrata, Kamala Harris.

A Paramount busca um acordo com o ex-presidente para facilitar a aprovação da fusão, avaliada em US$ 8 bilhões. A demissão de McMahon levantou alertas sobre interferência política e concessões corporativas em detrimento da liberdade de imprensa.

Saída de McMahon expõe tensões internas na emissora

Em memorando interno, McMahon declarou que não havia consenso sobre os rumos da empresa.

Sua decisão segue a renúncia do produtor executivo Bill Owens, responsável pelo “60 Minutes”, que também deixou o cargo recentemente citando perda de independência editorial.

Ambos resistiram a pressões para que a emissora se desculpasse publicamente com Trump, em meio às negociações com a Paramount.

A resistência de McMahon e Owens foi vista como tentativa de preservar a integridade jornalística da CBS, mesmo diante de interesses políticos e corporativos.

Fusão com Skydance intensifica conflito de interesses

A Paramount Global está em negociação para se fundir com a Skydance Media, operação que depende da aprovação da Comissão Federal de Comunicações (FCC).

A presença de um indicado por Trump no comando da FCC tem gerado receios de interferência política direta.

Senadores democratas enviaram uma carta à Paramount alertando para riscos à independência editorial da emissora.

O receio é que concessões sejam feitas para viabilizar a fusão, como uma forma de “dar os anéis para não perder os dedos”. 

Pressão política afeta independência jornalística

O caso reflete uma tendência crescente de intimidação contra veículos de imprensa nos Estados Unidos. A atuação de Trump, por meio de processos judiciais e retaliações públicas, já afetou outros veículos, como CNN, NPR e PBS.

O presidente também está mirando com mais intensidade as empresas com financiamento público. Mas sua estratégia não se limita a elas: emissoras privadas com interesses comerciais em jogo se tornam alvos vulneráveis à pressão política.

A renúncia de McMahon e Owens mostra o impacto direto dessa pressão e reacende o debate sobre a proteção do jornalismo diante de interesses políticos e econômicos.