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Governo Trump restringe atuação de jornalistas no Pentágono em nova ofensiva contra cobertura crítica

Imagem aérea do Pentágono, sede do Departamento de Defesa dos EUA

Pentágono, sede do Departamento de Defesa dos EUA (foto: Touch Of Light - CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons)

Em mais um movimento do governo Trump contra a imprensa, o Pentágono publicou nesta sexta-feira (23) um memorando interno em que restringe o trabalho e a circulação de jornalistas credenciados para cobrir as atividades no prédio que sedia a área de Defesa dos EUA.  

As regras incluem escoltas obrigatórias, limitam a circulação em áreas comuns e impõem crachás com sinalização visível. A decisão provocou reações de entidades jornalísticas e reforça a postura cada vez mais hostil da administração Trump em relação à mídia.

A justificativa é conter vazamentos de informações sensíveis – o que é quase uma ironia considerando que o Secretário de Defesa, Peter Hegseth, envolveu-se recentemente em uma controvérsia por ter incluído inadvertidamente um jornalista em um grupo do Telegram que discutia ataques ao Iêmen. 

Pentágono sob nova diretriz: Trump restringe acesso de jornalistas

De acordo com as diretrizes implementadas por Hegseth, repórteres passam agora a ser escoltados por funcionários militares mesmo em áreas antes consideradas livres, como salas de imprensa e corredores.

As mudanças exigem que os jornalistas assinem acordos de confidencialidade e portem crachás especiais com a identificação “PRESS” em destaque.

A alegação oficial é de que as regras evitam o vazamento de dados sensíveis e protegem a segurança nacional.

Mas a Associação de Imprensa do Pentágono contestou as medidas, afirmando que elas comprometem décadas de tradição democrática e dificultam a fiscalização pública sobre os assuntos militares.

Hegseth já se envolveu em escândalo por vazamentos

O nome de Pete Hegseth já havia ganhado destaque semanas antes, quando veio à tona o episódio conhecido como “SignalGate”.

O então secretário de Defesa foi acusado de compartilhar informações sensíveis sobre ataques aéreos no Iêmen em grupos de mensagens no aplicativo Signal, incluindo familiares e — por engano — um jornalista.

Embora Hegseth tenha negado que os dados fossem sigilosos, a autenticidade das mensagens foi confirmada por fontes oficiais. A situação gerou uma investigação no Congresso e repercussão na mídia.

Histórico de hostilidade à imprensa sob Trump

Desde o início de seu segundo mandato, o presidente vem mantendo uma relação ainda mais conflituosa com jornalistas do que no primeiro, classificando veículos como “inimigos do povo” e incentivando ataques verbais — e às vezes físicos — contra profissionais da mídia.

O novo episódio se soma a uma série de ações da gestão Trump para restringir o trabalho da imprensa.

O presidente abriu processos contra órgãos da grande imprensa e cortou o financiamento das grandes redes públicas de informação, como a Voice Of America e a Radio Free Europe / Radio Liberty. 

Em março, a Associated Press foi excluída de briefings regulares na Casa Branca. 

A nova política no Pentágono, dizem analistas, é mais um reflexo dessa estratégia de limitar o acesso à informação e controlar a narrativa em áreas de poder sensível.

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