Uma  investigação aberta pelo governo Trump contra um grupo defensor da liberdade de imprensa que denunciou a rede social de Elon Musk intensificou o debate sobre censura e repressão à mídia independente e a organizações da sociedade civil nos Estados Unidos.

A Comissão Federal de Comércio (FTC) abriu uma apuração formal contra a Media Matters, organização que expôs práticas da rede social X, de Musk, envolvendo anúncios posicionados ao lado de conteúdos extremistas.

A medida provocou reação imediata de entidades de defesa da liberdade de imprensa, que acusam o governo de retaliação política e intimidação institucional.

Media Matters e Elon Musk já travam disputa judicial

A Media Matters já era alvo de um processo judicial aberto por Elon Musk no fim de 2023. O bilionário alega que os dados do relatório foram manipulados para prejudicar a imagem da plataforma X.

A organização, no entanto, afirma ter apenas revelado o que de fato estava visível na plataforma, e que as marcas foram expostas a conteúdos ofensivos por falhas nos algoritmos da rede de Musk.

Investigação da FTC contra críticos de Musk levanta alerta sobre censura à imprensa

Em 2024, Elon Musk entrou com um processo judicial contra a Media Matters depois que grandes anunciantes como Disney e IBM cortaram investimentos no X. 

A investigação formal foi aberta com base em uma “demanda de investigação civil”, mecanismo usado para solicitar documentos e e-mails relacionados à atuação da Media Matters desde 2019.

O foco da apuração são as ações do grupo que expuseram anúncios de grandes marcas, como Apple e Disney, ao lado de postagens antissemitas na plataforma X, resultando em um boicote publicitário.

Além da Media Matters, a FTC também busca compreender possíveis relações com a Global Alliance for Responsible Media, entidade vinculada à World Federation of Advertisers.

Grupo denuncia uso político da máquina pública

Angelo Carusone, presidente da Media Matters, afirmou que a medida representa uma retaliação política direta promovida pelo governo de Donald Trump. Ele disse: 

“Estão tentando nos punir por cumprir nossa missão de responsabilizar plataformas que lucram com desinformação e ódio.”

Segundo ele, a organização continuará atuando para monitorar práticas perigosas em redes sociais e defender anunciantes e consumidores.

Comissão opera com comissários alinhados ao governo

Desde março, a FTC passou a operar com comissários exclusivamente republicanos, após a remoção dos dois últimos membros democratas por Trump.

A decisão levantou críticas de entidades de imprensa sobre a politização da agência reguladora.

Para analistas, a liberdade de imprensa corre riscos quando instituições públicas são usadas para perseguir críticos do governo.

Imprensa sob pressão crescente

O caso se soma a outras ações recentes do governo Trump, como a exclusão da Associated Press de coletivas da Casa Branca — medida criticada por entidades internacionais, como a Repórteres Sem Fronteiras.

Para especialistas, a escalada de ataques institucionais contra veículos e organizações de monitoramento ameaça o ecossistema democrático dos Estados Unidos.