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Repórteres Sem Fronteiras eleva pressão para Tribunal de Haia ouvir jornalistas de Gaza em inquérito de crimes de guerra

Funeral de um dos jornalistas que morreram em Gaza vítimas de bombardeios

Funeral de jornalista em Gaza (Foto: divulgação / Sindicato de Jornalistas Palestinos)

A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) intensificou sua campanha para que jornalistas palestinos vítimas de crimes de guerra em Gaza sejam reconhecidos como vítimas e possam participar das investigações do Tribunal de Haia.

Após protocolar quatro denúncias sobre crimes cometidos contra jornalistas desde outubro de 2023, a RSF agora exige que esses profissionais sejam ouvidos diretamente, o que pode ampliar a repercussão do inquérito e levar a um possível julgamento.

Desde o início da guerra em Gaza, pelo menos 165  profissionais de imprensa foram mortos, segundo a Federação Internacional de Jornalistas, sendo pelo menos 44 alvos diretos devido ao seu trabalho. Além disso, jornalistas locais enfrentam deslocamentos forçados, destruição de suas casas e redações, e restrições severas à cobertura jornalística.

Tribunal de Haia e jornalistas de Gaza: vítimas ou testemunhas?

A RSF submeteu formulários de participação de vítimas ao Tribunal de Haia, solicitando que jornalistas palestinos sejam reconhecidos como vítimas formais, e não apenas testemunhas.

Se o tribunal aceitar a solicitação da RSF, os jornalistas palestinos poderão testemunhar oficialmente sobre os crimes cometidos contra a imprensa em Gaza.

Isso representaria um avanço significativo na luta por justiça, reparação e proteção da liberdade de imprensa em zonas de conflito.

A RSF reforçou que essa iniciativa é essencial para responsabilizar os autores dos crimes e garantir que a violência contra jornalistas não permaneça impune.

Casos emblemáticos apresentados ao Tribunal de Haia

Entre os jornalistas que a RSF pede que sejam ouvidos pelo Tribunal Penal Internacional estão:  

  • Adel Al Zaanoon, correspondente da AFP em Gaza, que teve sua casa completamente destruída por um ataque aéreo israelense em abril de 2024.
  • Diaa al-Kahlout, chefe do escritório do The New Arab, que foi detido arbitrariamente por mais de um mês em um campo militar israelense, onde sofreu tortura e humilhação.
  • Uma jornalista, que preferiu permanecer anônima por questões de segurança, foi ferida duas vezes em ataques israelenses, sendo que um deles matou um colega de imprensa.

A RSF reforçou que os casos deles apresentam características de execuções direcionadas, o que reforça a necessidade de uma investigação formal pelo Tribunal de Haia.

Mortes de jornalistas em Gaza: um cenário alarmante

Segundo a Federação Internacional de Jornalistas (IFJ), o número de jornalistas mortos em Gaza desde o início da guerra entre Israel e o Hamas chegou a 165 até maio de 2025. Entre os casos mais recentes estão:

  • Hassan Majdi Abu Warda, diretor da Barq Gaza News, morto em 25 de maio em sua residência, atingida por um ataque aéreo israelense em Jabalia al-Nazla.
  • Aziz Al-Hajjar, fotojornalista freelancer, morto com sua família em Beit Al-Naaja em 17 de maio.
  • Hassan Sammour, da rádio Al Aqsa Voice, e Ahmed al-Helou, da Quds News Network, mortos em Khan Yunis em 15 de maio.
  • Hassan Aslih, diretor do site Alam24, morto durante um bombardeio ao Hospital Nasser em 13 de maio. Ele já havia sido ferido em 7 de abril, quando uma tenda de jornalistas foi atingida.

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