A nova edição da revista The Economist Asia foi censurada no Vietnã, com sua versão impressa impedida se ser vendida nas bancas.
A capa traz uma foto do líder máximo do país, To Lam com duas estrelas nos olhos sobre um fundo vermelho, remetendo à bandeira nacional, ilustrando a reportagem principal que analisa sua gestão e os desafios econômicos do Vietnã.
A notícia foi revelada pela agência Reuters e depois confirmada por outras agências internacionais como a Bloomberg.
Segundo informações da mídia internacional, distribuidores de jornais e revistas teriam recebido ordens para rasgar a capa e o artigo sobre Lam, tornando a edição publicada no dia 24 de maio difícil de ser vendida.
Depois, segundo fontes locais que não se identificaram, foram instruídos a não vendê-la de forma alguma.
Outros distribuidores relataram dificuldades para obter exemplares da edição, que na sexta-feira continuava acessível online dentro do país.
O governo vietnamita disse não ter conhecimento sobre banimento da revista.
A matéria da The Economist alvo de censura
A reportagem da The Economist Asia, disponível digitalmente, descreve To Lam, Secretário-Geral do Partido Comunista, como um “homem forte que precisa resgatar a grande história de sucesso da Ásia” 50 anos após a guerra.
Segundo a revista, Lam lidera o país em meio a desafios como a desaceleração econômica e maior controle estatal, o que gera dúvidas sobre o futuro do crescimento vietnamita.
A revista argumenta que, para manter o país no caminho do desenvolvimento, Lam deve se transformar de um líder forte para um reformador econômico, buscando novas formas de enriquecer e adaptar o país às mudanças do cenário internacional.
Esse desafio é apresentado como o “segundo milagre” necessário para levar o Vietnã ao grupo das economias avançadas.
A capa e o artigo tiveram grande repercussão nas redes sociais, sendo amplamente compartilhados por usuários dentro e fora do Vietnã.
Muitos discutem os impactos da censura e o papel da imprensa internacional na cobertura da política vietnamita.
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Vietnã: um dos países mais fechados para a mídia
O Vietnã é um dos países mais repressivos para jornalistas, segundo o Global Press Freedom Index 2025 da Repórteres Sem Fronteiras (RSF).
O país ocupa a 173ª posição entre 180 nações, com um dos piores indicadores políticos e legislativos para a liberdade de imprensa.
A mídia tradicional no Vietnã é controlada pelo Partido Comunista, e jornalistas independentes frequentemente enfrentam prisão e censura.
O governo mantém unidades de cibersegurança, como a Força 47, com milhares de agentes dedicados a monitorar e atacar dissidentes online.
Jornalista do Vietnã condenado
Recentemente, o jornalista Huy Duc, um dos mais influentes do país, foi condenado a 30 meses de prisão por “abuso da liberdade democrática”, após publicar artigos críticos no Facebook.
Sua conta na rede social, que tinha 350 mil seguidores, foi apagada após a detenção.
A RSF e outras organizações internacionais têm pressionado o governo vietnamita para libertar jornalistas presos e garantir mais transparência na mídia.
No entanto, o controle estatal sobre a imprensa continua se intensificando, tornando o Vietnã um dos maiores cárceres para jornalistas no mundo.
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