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Maior rede de TV educativa dos EUA processa governo Trump por cortes de verba na mídia de serviço público

Sede da PBS, empresa de mídia pública que processou governo Trump por cortes de verba

Foto: divulgação

A Public Broadcasting Service (PBS) entrou com uma ação judicial contra o governo do presidente Donald Trump, alegando que sua ordem executiva determinando corte do financiamento federal das empresas de mídia públicas viola a Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos.

A PBS argumenta que a decisão representa uma tentativa de interferência política na programação da rede, caracterizando-se como discriminação de ponto de vista.

A ação foi protocolada na Corte Distrital dos Estados Unidos em Washington e é movida pela própria PBS e por uma de suas afiliadas, a Lakeland PBS, que atende áreas rurais no norte e centro de Minnesota.

Na petição inicial, os impetrantes afirmam que a ordem executiva retalia a emissora por seu conteúdo jornalístico e ameaça sua independência editorial.

“Independentemente de quaisquer discordâncias políticas sobre o papel da televisão pública, nossa Constituição e leis proíbem o Presidente de atuar como árbitro do conteúdo da programação da PBS, incluindo ao tentar desfinanciar a rede,” destaca um trecho da petição.

Outro ponto da ação ressalta que “a ordem executiva não esconde o fato de que está cortando o fluxo de fundos para a PBS por causa do conteúdo de sua programação e com o objetivo de alterar o discurso apresentado.”

PBS: alcance nacional e conteúdo educativo

A PBS tem mais de 330 estações afiliadas. Oferece conteúdos educativos, culturais e jornalísticos para todas as idades, com destaque para o segmento infantil (PBS KIDS) e apoio a professores (PBS LearningMedia).

Alcança mensalmente mais de 36 milhões de adultos na TV linear, 16 milhões em streaming, 53 milhões no YouTube e 60 milhões nas redes sociais.

Entre os programas produzidos pela PBS está a série educativa Vila Sésamo, que passou a ser distribuída pela Netflix. 

Outras redes de mídia pública afetadas por cortes de Trump

A PBS não é a única emissora pública a enfrentar desafios financeiros desde a posse de Donald Trump.

Nos últimos meses, outros veículos financiados pelo governo também tiveram cortes drásticos em seus orçamentos e entraram com processos judiciais contra a administração.

A National Public Radio (NPR) já havia movido uma ação similar, alegando que a retirada de fundos federais compromete sua independência editorial e configura censura indireta.

O caso ganhou repercussão por afetar a capacidade da NPR de manter sua programação voltada à informação de localidades remotas que contam com o rádio para obter notícias e orientações de serviços essenciais, como alertas de acidentes. 

Além da NPR e PBS, veículos como Voice of America e Radio Free Europe, que operam com financiamento governamental para garantir o acesso à informação em diversas regiões, também sofreram cortes significativos desde o início do mandato de Trump.

A VoA chegou a conseguir uma liminar para evitar os cortes, mas a medida foi revertida e o governo Trump seguiu com a demissão de mais de 600 profissionais.

Já a Radio Free Europe, que também processou o governo, conseguiu um aporte de verbas da União Europeia para continuar operando. 

A Casa Branca defende os cortes

O governo Trump defende que os cortes são necessários para evitar que recursos públicos financiem conteúdos “tendenciosos e partidários”.

Segundo um porta-voz da Casa Branca, a decisão visa reduzir gastos e garantir maior transparência na destinação dos fundos federais.

Agora, o caso segue para julgamento na Justiça Federal, onde a PBS busca uma decisão que anule a ordem executiva e garanta a continuidade do financiamento público para suas operações e afiliadas.

O desfecho pode impactar o futuro da mídia pública nos EUA e definir os limites da autonomia editorial de veículos financiados pelo governo.

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