O presidente Donald Trump enviou ao Congresso um pedido para revogar o financiamento destinado à mídia pública e à ajuda externa, em uma medida que pode ter impacto significativo na cobertura jornalística e na política externa dos EUA.

A solicitação dá aos legisladores um período limitado para agir antes que os cortes, no valor de US$ 9.4 bilhões, sejam implementados automaticamente.

O pacote inclui a retirada de recursos de programas internacionais, afetando iniciativas climáticas e direitos humanos, além da suspensão de verbas para a NPR, que tem uma extensa cadeia de rádios comunitárias no país, e para a PBS, com mais de 300 emissoras de TV afiliadas e responsável pela produção de conteúdo educativo e informativo. 

Trump defende corte de financiamento à mídia pública e ajuda externa

As dotações foram aprovadas pelo Congresso, mas em seguida Trump emitiu decretos efetuando cortes e determinando a demissão de funcionários, como parte das ações do departamento de eficiência governamental (DOGE), liderado pelo bilionário Elon Musk.

O governo justifica a decisão afirmando que essas redes promovem um viés ideológico e que os gastos com assistência externa precisam ser reavaliados.

A NPR e a PBS alertam que a retirada do financiamento pode levar ao fechamento de estações locais, comprometendo o acesso à informação, especialmente em comunidades mais isoladas.

A CEO da NPR, Katherine Maher, afirmou que a medida pode resultar no cancelamento de programas essenciais. Já a líder da PBS, Paula Kerger, destacou que estações menores seriam as mais prejudicadas.

Congressistas divididos sobre corte de financiamento à mídia pública

No Congresso, há divisão. O presidente da Câmara defende os cortes como uma forma de reduzir despesas, mas há resistência por parte de alguns senadores, que alertam para os impactos negativos na diplomacia e no jornalismo independente.

A proposta foi enviada na terça-feira e pode ser votada nos próximos dias. Se não houver ação dentro do período estipulado, os cortes serão implementados automaticamente, afetando diretamente a operação de emissoras públicas e programas de ajuda externa.

Redes processam governo Trump

Enquanto o governo Trump tenta convencer o Congresso a acabar com o financiamento, as redes de mídia públicas tentam resistir, mas nem sempre com sucesso.

A PBS entrou com uma ação judicial contra o governo Trump, alegando que a ordem executiva que determina o corte de financiamento viola a Primeira Emenda, que garante a liberdade de expressão, e representa uma tentativa de interferência política na programação da rede.

A ação foi protocolada na Corte Distrital dos Estados Unidos em Washington e movida pela própria PBS e por uma de suas afiliadas, a Lakeland PBS, que atende áreas rurais no norte e centro de Minnesota. 

A NPR também processou o governo, argumentando que a retirada de fundos compromete sua independência editorial e configura censura indireta.

O caso ganhou repercussão por afetar a capacidade da NPR de manter sua programação voltada à informação de localidades remotas que contam com o rádio para obter notícias e orientações de serviços essenciais.  

Além da NPR e PBS, a Voice of America (VoA) e a Radio Free Europe tmbém entraram com processos contra a administração Trump, alegando que a decisão de cortar verbas e fechar algumas operações viola leis que garantem sua independência editorial.

Mas enquanto a União Europeia garantiu fundos para a Radio Free Europe continuar operando, a VoA perdeu na justiça a tentativa de sustar a perda de financiamento e a obrigatoriedade de efetuar demissões.