O Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, coincide tragicamente com o assassinato do repórter britânico Dom Phillips, morto em 2022 enquanto investigava comunidades indígenas na Amazônia brasileira, um crime que expôs ao mundo a necessidade de defesa dos jornalistas ambientais.

Seis organizações internacionais — Repórteres Sem Fronteiras (RSF), UNESCO, Climate Action Against Disinformation, Fórum sobre Informação e Democracia, Greenpeace e Pulitzer Center — aproveitara a data para para reforçar a proteção de jornalistas ambientais como um pilar essencial na luta contra as mudanças climáticas.

As organizações signatárias destacam que a integridade da informação — a precisão, a consistência e a confiabilidade — é fundamental para enfrentar a crise climática.

Dia Mundial do Meio Ambiente: defesa de jornalistas é garantia de informação

Elas enfatizam que proteger jornalistas ambientais significa defender a democracia e combater a desinformação, fortalecendo o direito do público a informações de interesse coletivo.

Ao investigar escândalos ecológicos, explorar os impactos da exploração de recursos e denunciar a poluição, os jornalistas oferecem à sociedade dados vitais para a tomada de decisões conscientes.

Dia Mundial do Meio Ambiente: proteção de jornalistas ambientais sob ataque

Dados da RSF mostram que, na última década, mais de 200 jornalistas especializados em meio ambiente foram vítimas de violência. Desses, ao menos 25 foram assassinados por causa de seu trabalho — 16 na Ásia e cinco na região amazônica.

Na Índia, desde a chegada de Narendra Modi ao poder em 2014, 28 jornalistas foram assassinados, e quase metade deles investigava temas como expropriação de terras e mineração em larga escala.

No Camboja, o jornalista britânico Gerald Flynn foi impedido de entrar no país, apesar de ter visto válido, após denunciar um escândalo de desmatamento. O repórter ambiental Uk Mao também enfrenta perseguição judicial constante no país.

Na África, vários jornalistas foram agredidos recentemente em Gana enquanto cobriam operações ilegais de mineração.

E em janeiro de 2025, o jornalista Patrick Adonis Numbi foi morto em Lubumbashi, na República Democrática do Congo, após filmar uma reportagem sobre a apropriação ilegal de um rio próximo ao Lago Kipopo.

Jornalistas ambientais em países sem liberdade de imprensa 

As organizações alertam que mais de dois terços dos recursos naturais do mundo são extraídos em países onde a liberdade de imprensa está sob forte ameaça. 

Isso impede a cobertura jornalística de questões ambientais e sociais e limita o acesso da sociedade a informações confiáveis. Combater a desinformação climática é crucial para responder de forma eficaz aos desafios ambientais do século XXI.

Dia Mundial do Meio Ambiente: recomendações para proteção de jornalistas ambientais

Além do apelo conjunto, a RSF e as organizações signatárias apresentaram recomendações claras aos Estados:

  • Reconhecer o direito à informação confiável como parte fundamental da proteção ambiental. A informação confiável é uma das maiores necessidades do século XXI para enfrentar a crise climática.

  • Estabelecer planos de ação nacionais para a segurança de jornalistas, com medidas de prevenção, proteção e investigação de crimes, incluindo atenção especial aos jornalistas ambientais.

  • Cooperar ativamente com os mecanismos especiais da ONU, como o Relator Especial para Defensores do Meio Ambiente, para garantir respostas rápidas aos ataques mais graves.

  • Reformar os marcos legais para fortalecer o direito de informar, inclusive restringindo o uso abusivo de “segredos comerciais” que muitas vezes silenciam reportagens de interesse público.

  • Aumentar o financiamento para o jornalismo ambiental, respeitando sempre a independência editorial.

  • Regular democraticamente o espaço informativo, garantindo transparência, responsabilidade e neutralidade, para combater campanhas coordenadas de desinformação facilitadas por grandes empresas de tecnologia.

Dia Mundial do Meio Ambiente: proteger jornalistas ambientais é proteger o planeta

Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, as seis organizações reforçam que proteger jornalistas ambientais significa proteger o próprio meio ambiente e a democracia.

“Defender quem informa é empoderar cidadãos e garantir respostas eficazes à crise climática”, afirmam as organizações no comunicado conjunto. 

Ao fortalecer a proteção de jornalistas ambientais, os governos podem dar um passo decisivo para garantir que a luta contra as mudanças climáticas seja baseada em dados confiáveis e na liberdade de imprensa, diz o manifesto.