MediaTalks em UOL

Gaza: 140 organizações instam Israel a permitir entrada da imprensa estrangeira e garantir segurança da mídia local

Placa indicando caminho para Gaza

Foto: Unsplash

Londres – Um manifesto conjunto assinado por 140 organizações de imprensa e redações internacionais, liderado pela Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e pelo Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), está exigindo de Israel mais uma vez o fim do bloqueio ao acesso da imprensa estrangeira na Faixa de Gaza.

Desde o início do conflito, autoridades israelenses têm barrado a entrada de jornalistas estrangeiros na região. Os poucos que conseguem entrar são acompanhados por membros das forças militares e têm acesso apenas a locais controlados, sem poder circular livremente. 

O manifesto também pedem proteção total para jornalistas palestinos, que continuam trabalhando em condições extremas, com quase 200 tendo perdido a vida nos últimos 20 meses.

20 meses de bloqueio a jornalistas estrangeiros 

Pelo menos 45 dessas mortes estão relacionadas ao trabalho ou aconteceram durante coberturas, segundo a RSF. 

A organização aponta que eles são os únicos olhos e ouvidos da comunidade internacional dentro da Faixa de Gaza, mas enfrentam deslocamento forçado, fome e ameaças constantes.

O apelo liderado pela RSF e pelo CPJ contra o bloqueio ao acesso da imprensa em Gaza reúne redações e ONGs de todos os continentes.

Entre as organizações brasileiras signatárias do apelo destacam-se a Agência Pública, a Amazônia Real, a Intervozes, o Instituto Vladimir Herzog, a Abraji, e o Instituto Palavra Aberta.

O comunicado também conta com a adesão de importantes organizações internacionais como a BBC News, a Agence France-Presse (AFP), a Associated Press (AP), a CNN, o The Guardian, o The New York Times, a Al Jazeera, a France 24, a International Federation of Journalists (IFJ) e o International Press Institute (IPI). 

Bloqueio ao acesso da imprensa em Gaza: ‘tentativa organizada de silenciar os fatos’

Thibaut Bruttin, diretor-geral da RSF, alerta para o “apagamento da realidade” em Gaza. Segundo ele, o bloqueio à imprensa, somado à morte de jornalistas, cria um vácuo de informações.

“Conclamamos governos, instituições internacionais e chefes de Estado a acabar com o silêncio cúmplice, garantir a abertura imediata de Gaza para a mídia estrangeira e defender um princípio frequentemente desrespeitado: matar jornalistas é um crime de guerra segundo o direito internacional humanitário.”

Jornalistas palestinos sob ataque

Apesar dos apelos da RSF e de ações judiciais, como a petição da Foreign Press Association à Suprema Corte de Israel, o bloqueio à imprensa em Gaza persiste.

Jornalistas palestinos relatam deslocamentos constantes, fome, falta de abrigo, equipamentos e assistência médica.

Um relatório do CPJ revela que muitos vivem sob ameaça de morte a qualquer momento.

Denúncias ao Tribunal Penal Internacional

Para combater a impunidade, a RSF encaminhou quatro denúncias ao Tribunal Penal Internacional (TPI), pedindo investigações sobre supostos crimes de guerra cometidos pelo exército israelense contra jornalistas.

A organização está também instando o TPI a convocar jornalistas palestinos para depoimentos como parte das investigações, na qualidade de vítimas. 

“Sem jornalistas palestinos, não há testemunhas em Gaza”

“Os jornalistas palestinos são os únicos testemunhos em Gaza. Sem eles, não há relatos de dentro do território”, alerta o comunicado da RSF e do CPJ.

Eles defendem que jornalistas estrangeiros possam trabalhar ao lado de colegas palestinos, com segurança, para garantir que o mundo saiba o que acontece dentro da Faixa de Gaza sem censura. 

Sair da versão mobile