MediaTalks em UOL

Tribunal autoriza Trump a barrar Associated Press na Casa Branca em briga por nome Golfo do México

Donald Trump e smartphone mostrando home page da Associated Press

O Tribunal de Apelações de Washington decidiu nesta sexta-feira (6) que a administração de Donald Trump pode impedir o acesso de jornalistas da Associated Press (AP) a determinados espaços presidenciais, revertendo uma decisão anterior que favorecia a agência de notícias.

A disputa judicial teve início após a Casa Branca proibir repetidamente a entrada de jornalistas da AP em eventos oficiais, incluindo no Salão Oval. A agência contestou a medida, alegando violação da liberdade de imprensa, e obteve uma decisão favorável em primeira instância.

No entanto, o tribunal de recurso discordou, por dois votos contra um, afirmando que os espaços presidenciais restritos não são protegidos pela Primeira Emenda da Constituição dos EUA.

A Casa Branca celebrou a decisão. Karoline Leavitt, porta-voz do governo, declarou na rede social X que a Associated Press não tem “acesso especial garantido” para cobrir o presidente Trump em locais como o Salão Oval e o Air Force One.

Ela disse que a decisão permite que mais organizações de mídia tenham acesso ao presidente além da “failing legacy media: (mídia tradicional falida, em tradução livre). Ela acrescentou: “E a propósito, @AP, ainda é o Golfo da América.”

Trump celebra vitória contra a Associated Press

Trump, por sua vez, comemorou na rede social Truth Social, chamando a decisão de “ENORME vitória contra a AP” e acusando a agência de divulgar “notícias falsas”.

 

A Associated Press lamentou a decisão, reiterando que a proibição representa um ataque à liberdade de imprensa nos EUA.

Patrick Maks, porta-voz da AP, disse que “a organização está desapontada e avaliando as opções. Uma possibilidade, segundo a AP, seriabuscar uma revisão rápida de todo o caso quanto ao seu mérito.

Entenda a briga entre Trump e a Associated Press que virou processo 

A disputa entre a Associated Press (AP) e o governo Trump começou quando a Casa Branca exigiu que a agência adotasse o nome “Golfo da América” em vez de “Golfo do México” em suas reportagens, seguindo diretrizes de um decreto presidencial que mudou a nomenclatura. 

A AP recusou, argumentando que seu conteúdo é distribuído globalmente e que a ordem executiva de Trump só tem validade nos EUA.

Como retaliação, a Casa Branca proibiu jornalistas da Associated Press de participar de eventos presidenciais, incluindo coletivas de imprensa e viagens no Air Force One.

A agência então entrou com um processo judicial contra membros do governo, alegando violação da liberdade de imprensa.

Em abril de 2025, um juiz federal determinou que a Casa Branca deveria restaurar o acesso dos jornalistas da AP aos eventos presidenciais, afirmando que o governo não pode excluir repórteres com base em suas opiniões.

Apesar da decisão judicial favorável à AP, a Casa Branca continuou a limitar o acesso da agência a determinados eventos, até a nova decisão desta sexta-feira.

Organizações criticam postura do presidente dos EUA contra a imprensa 

Organizações de liberdade de imprensa como a Repórteres Sem Fronteiras e de direitos humanos, como a Amnistia Internacional, têm apontado seguidamente que as políticas da Casa Branca têm impactado negativamente a imprensa, restringindo o acesso de jornalistas e minando a transparência do governo.

A decisão do tribunal reforça a postura combativa de Trump contra os grandes meios de comunicação, consolidando sua estratégia de limitar o acesso da imprensa tradicional aos bastidores do poder.

O espaço passou a ser dado a veículos menores e conservadores, alinhados ao pensamento do presidente e pouco críticos. 

A Associated Press ainda pode recorrer da decisão, mas, por ora, a Casa Branca mantém o controle sobre quem pode cobrir o presidente nos espaços mais restritos do governo.

Sair da versão mobile