O jornalista Mario Guevara, natural de El Salvador, radicado nos EUA há mais de 20 anos e detentor de um prêmio Emmy, foi preso no último sábado (14) enquanto cobria um protesto da série “No Kings”, contra Donald Trump, na Geórgia, e corre risco de deportação.
Mesmo identificado com colete de imprensa e transmitindo ao vivo para seus mais de 780 mil seguidores no Facebook, Guevara foi detido por supostamente obstruir a polícia e participar de uma reunião ilegal.
Após pagar fiança, foi imediatamente transferido para a custódia do ICE (Serviço de Imigração e Alfândega), onde permanece sob ameaça de ser mandado de volta para El Salvador.
Desde que voltou à presidência, Donald Trump tem apertado o cerco contra imigrantes ilegais e até legais, utilizando-se de opiniões postadas em redes sociais ou participação em manifestações para justificar deportações sob o argumento de ameaça à segurança nacional.
Vídeo mostra a prisão do jornalista de El Salvador ameaçado de deportação
O protesto no qual Guevara foi preso aconteceu no condado DeKalb, reunindo centenas de pessoas. O ato terminou com repressão policial, uso de gás lacrimogêneo e pelo menos oito detenções.
Guevara estava usando capacete e colete com a palavra “PRESS”, filmando a movimentação policial antes de ser detido.
A transmissão é interrompida quando ele é abordado, dizendo que era um membro da imprensa e pedindo para terminar a reportagem.
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Outros veículos jornalísticos documentaram o momento da prisão e cenas do jornalista sendo levado algemado. O momento foi amplamente compartilhado nas redes sociais.
Deportação do jornalista El Salvador nos EUA: organizações reagem
A detenção de Guevara gerou forte reação de entidades de defesa da liberdade de imprensa.
O Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ) classificou o caso como “uma forma crua de censura” e exigiu sua libertação imediata.
A Freedom of the Press Foundation e a National Association of Hispanic Journalists também se manifestaram, alertando para o risco de que o governo esteja usando leis de imigração para intimidar jornalistas que cobrem temas sensíveis.
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Histórico de perseguição ao jornalista preso nos EUA
Guevara fugiu de El Salvador em 2004 após sofrer ameaças por seu trabalho como repórter político no jornal La Prensa Gráfica.
Nos EUA, tornou-se referência na cobertura de operações do ICE e temas de imigração, fundando o site MGNews e recebendo um Emmy em 2023.
Seu advogado, Giovanni Díaz, afirma que ele tem autorização para viver e trabalhar no país e está em processo de obtenção do green card por meio do filho, que é cidadão americano.
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Liberdade de imprensa sob ataque?
O caso reacende o debate sobre o uso de detenções e deportações como forma de silenciar vozes críticas.
“Sob esta administração, não sabemos o que significa ter status legal temporário”, disse Katherine Guevara, filha do jornalista, em coletiva de imprensa.
Para muitos, a situação de Mario Guevara é emblemática de um cenário mais amplo de repressão à imprensa e aos direitos civis nos Estados Unidos.
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Outro jornalista impedido de entrar nos EUA
O episódio envolvendo Guevara ocorre dias após outro jornalista estrangeiro ser barrado. O australiano Alistair Kitchen foi deportado na semana passada ao tentar entrar nos Estados Unidos, após ter sido interrogado por 12 horas no aeroporto de Los Angeles.
Os agentes de imigração o questionaram sobre textos em que criticava o governo Trump e abordava protestos pró-Palestina.
Organizações como o CPJ consideraram a deportação de Kitchen um ato de retaliação política.
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