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Execução de jornalista na Arábia Saudita gera comoção global e expõe repressão no reino de Mohammed bin Salman

Turki al-Jasser, jornalista executado na Arábia Saudita

Turki al-Jasser ficou sete anos preso antes da execução (foto: X)

A morte do jornalista Turki al-Jasser, executado há uma semana na Arábia Saudita, provocou uma onda de condenações por parte de organizações internacionais de liberdade de imprensa e de direitos humanos, que classificaram o ato como um marco sombrio na repressão à dissidência no reino governado por Mohammed bin Salman. 

Al-Jasser foi executado no dia 14 de junho, após passar sete anos preso. Segundo grupos como a Repórteres Sem Fronteiras (RSF), ele foi submetido a desaparecimento forçado, tortura e julgamento sem garantias legais.

O motivo central das acusações teria sido sua ligação com uma conta anônima na rede social X (antigo Twitter) dedicada a denunciar corrupção na monarquia saudita.

Quem era Turki al-Jasser, jornalista executado na Arábia Saudita

Fundador do blog Al-Mashhad Al-Saudi, al-Jasser era conhecido por abordar temas sensíveis como corrupção, direitos das mulheres, repressão política
e a Primavera Árabe.

Ele foi preso em 2018. Após sete anos de prisão em regime de isolamento, foi executado sob acusações de traição, terrorismo e colaboração com potências estrangeiras.

Indignação internacional com execução de jornalista saudita

A RSF declarou que a execução marca um ponto insustentável na repressão à imprensa saudita e exigiu uma resposta coordenada da comunidade internacional.

Segundo a organização, Turki al-Jasser é o segundo jornalista no mundo a ser executado por sentença judicial desde 2020.

Para o Comitê para a Proteção a Jornalistas (CPJ), trata-se de um reflexo direto da impunidade no caso do assassinato de Jamal Khashoggi, ainda sem responsabilização plena.

Outras organizações também expressaram repúdio:

  • A ALQST for Human Rights, baseada em Londres, afirmou que o caso representa “um novo limite ultrapassado pelo regime saudita para silenciar a dissidência pacífica”.
  • A Sanad Human Rights Organization responsabilizou diretamente o príncipe herdeiro saudita e revelou que al-Jasser foi identificado após uma operação de espionagem digital conduzida por ex-funcionários sauditas do Twitter — um caso investigado pelas autoridades dos EUA.
  • A Reprieve, que atua contra a pena de morte, alertou para o aumento dramático de execuções no país: foram 330 em 2024 e mais de 100 já registradas em 2025.

Liberdade de imprensa sob ataque na Arábia Saudita 

Com pelo menos 18 jornalistas presos atualmente, a Arábia Saudita ocupa a 162ª posição entre 180 países no Índice Mundial de Liberdade de Imprensa da RSF.

A morte de al-Jasser reacendeu comparações com o assassinato de Jamal Khashoggi, em 2018, sugerindo que a execução do jornalista saudita não é um caso isolado, mas parte de uma política mais ampla de silenciamento.

Grupos internacionais pedem que a execução do jornalista saudita não passe impune e exigem sanções internacionais e uma investigação independente.

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