Londres – O consumo de notícias pelas redes sociais se consolidou como tendência global, aponta o Digital News Report 2025, do Instituto Reuters de Jornalismo na Universidade de Oxford.
As plataformas digitais superaram mídias tradicionais como TV e jornais na preferência do público — especialmente entre os mais jovens —, revelando um desafio crescente para o jornalismo.
Enquanto criadores de conteúdo dominam o engajamento em redes como YouTube e Instagram, a confiança nas empresas jornalísticas tradicionais continua essencial para checagem de fatos e combate à desinformação.
Relatório aponta queda da mídia para consumo de notícias e ascensão das redes sociais
O Digital News Report 2025 entrevistou quase 100 mil pessoas em 48 países, incluindo o Brasil.
No país essas tendências são ainda mais acentuadas, com queda drástica do meio impresso e aumento da influência de políticos e celebridades digitais como fontes de informação.
O fenômeno de trocar a mídia tradicional pelas redes é mais evidente entre os jovens de 18 a 24 anos, grupo no qual 44% dizem consumir notícias principalmente via redes sociais.
A migração para ambientes digitais — e muitas vezes informais — representa um desafio crítico para o jornalismo tradicional, que lutam para manter relevância e engajamento fora de seus domínios.
Nos EUA, redes sociais superam TV como fonte de informação
Nos Estados Unidos, pela primeira vez, o uso de redes sociais para notícias ultrapassou o consumo via televisão.
O relatório destaca o impacto de personalidades como Joe Rogan, que foi citado como fonte de informação ou opinião por 22% dos entrevistados na semana seguinte à posse presidencial.
Rogan atrai especialmente jovens do sexo masculino, uma audiência que a mídia tradicional tem dificuldades para alcançar.
Lideranças políticas como Donald Trump também continuam a explorar plataformas digitais — especialmente a rede X (ex-Twitter) — para se comunicar diretamente com o público, contornando o jornalismo tradicional.
Leia também | Trump x Musk: um duelo digital épico entre donos de redes sociais que podem falar o que querem sem medo da moderação
No Brasil, YouTube e Instagram lideram o consumo de notícias
O relatório mostra que o Brasil não apenas acompanha essas tendências como as aprofunda. A TV aberta, embora ainda relevante, perdeu espaço. E apenas 10% dos brasileiros dizem consumir notícias impressas — número que era de 50% em 2013.
Hoje, YouTube e Instagram são utilizados por 37% dos brasileiros para acompanhar notícias semanalmente.
E, no YouTube, a maior parte do engajamento está nas mãos de criadores independentes: 82% da atenção se divide entre canais que tratam de notícias ocasional ou regularmente, enquanto apenas 22% vai para jornalistas ou veículos tradicionais.
Figuras como Nikolas Ferreira — cujo vídeo com críticas a uma política fiscal baseada em desinformação ultrapassou 300 milhões de visualizações no Instagram — exemplificam o poder desses novos intermediários da informação.
Outros nomes mencionados no relatório são o político Gustavo Gayer e a influenciadora Virgínia Fonseca.
Leia também | Direita avança no Twitter/X sob Musk e influência global da rede segue alta apesar de críticas, diz estudo de Oxford
Desinformação continua sendo preocupação global
Apesar da ascensão de novas fontes, a confiança nas organizações jornalísticas segue vital.
O relatório aponta que 58% das pessoas têm dificuldade em distinguir o que é verdade ou mentira online.
Quando confrontados com informações suspeitas, a maioria ainda recorre a veículos jornalísticos confiáveis (38%) ou a fontes oficiais (35%).
No Brasil, a confiança nas notícias se estabilizou em 42% após um declínio de 20 pontos entre 2015 e 2023 — reflexo da polarização política.
Grandes empresas jornalísticas como O Globo, Folha de S.Paulo e Estadão seguem sendo referências importantes.
brsa