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O que aconteceu: Enquanto o Iêmen é alvo de novos bombardeios de Israel, prisões de jornalistas estão acontecendo em diferentes regiões do país, segundo a Repórteres Sem Fronteiras.
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A organização denuncia uma escalada na repressão à imprensa em áreas controladas por diferentes autoridades iemenitas.
A intensificação da repressão a jornalistas no Iêmen, denunciada pela RSF, ocorre em meio à ofensiva militar israelense no país e expõe os riscos crescentes enfrentados pela imprensa local.
Prisões de jornalistas no Iêmen: os casos denunciados
Em meio a bombardeios de Israel a instalações controladas pelos rebeldes huthis no país, uma série de prisões de jornalistas foi denunciada pela Repórteres Sem Fronteiras (RSF).
De acordo com a organização, pelo menos seis profissionais foram detidos nas últimas semanas em diferentes partes do país, governadas por autoridades distintas, o que evidencia uma repressão generalizada.
Entre os casos mais recentes estão os dos jornalistas Ahmed Mahyoub e Ali Al-Nashiri, em Taiz, e Abdulrahman Bafadel, em Áden.
Segundo a RSF, não há garantias legais de processo justo, e os profissionais permanecem incomunicáveis em locais controlados por grupos rivais.
Embora os motivos alegados pelas autoridades locais variem, a RSF considera que os casos configuram violações à liberdade de imprensa e estão ligados ao exercício da atividade jornalística.
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Jornalista que revelou corrupção é um dos presos
O caso mais emblemático é o do jornalista Mozahim Bajaber, chefe do site de notícias Al Ahqaf Media.
Ele foi preso em 18 de junho pela polícia em Hadramout enquanto viajava para Mukallah.
Mesmo após o Ministério do Interior ordenar sua libertação, as autoridades locais, lideradas pelo governador Mabkhout bin Madhi, se recusaram a cumprir a decisão
Bajaber é acusado de denunciar corrupção no governo regional no Facebook.
Sua detenção, contrariando ordens oficiais, expõe as tensões entre o poder central e autoridades regionais — o que reforça a gravidade da situação no Iêmen neste momento, aponta a RSF.
As prisões aumentam o clima de insegurança e censura para quem tenta cobrir o conflito iemenita.
Segundo a RSF, a situação atual configura uma ameaça grave à liberdade de imprensa e exige uma mobilização internacional urgente.
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Repressão em meio a conflito com Israel
A escalada repressiva coincide com um novo capítulo no conflito do Oriente Médio: ataques israelenses ao Iêmen, realizados após o lançamento de mísseis por grupos houthis em apoio à causa palestina.
Em meio a esse cenário, jornalistas enfrentam riscos tanto no campo de batalha quanto dentro das estruturas de poder locais.
A entidade enfatiza que a situação demonstra uma instrumentalização da justiça para silenciar a imprensa em meio a uma crise humanitária e militar que já dura quase uma década.
A RSF destaca que, independentemente da autoridade que os detém, os profissionais não devem ser punidos por exercer seu trabalho.
A organização exige a libertação imediata de todos os jornalistas presos no país.
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