- O que aconteceu: Jornalista Israel Frey foi preso em Tel Aviv por post no X (antigo Twitter) sobre soldados israelenses mortos em Gaza.
- Ministério Público de Israel abriu investigação por terrorismo e a decisão provocou críticas de organizações de liberdade de imprensa.
A prisão de Israel Frey, repórter conhecido por cobrir a ocupação na Cisjordânia, é um marco por ser a primeira vez desde o início da guerra que um jornalista israelense é investigado por uma opinião publicada. O caso mobiliza organizações internacionais em defesa da liberdade de imprensa.
Prisão de jornalista por post em Israel acirra debate sobre liberdade de expressão
Israel Frey, jornalista e ativista, foi preso em Tel Aviv (Israel) na quarta-feira, 9 de julho, após o Ministério Público abrir uma investigação criminal por suposta incitação ao terrorismo com base em um post publicado na rede social X.
No dia seguinte, um tribunal local determinou a extensão de sua detenção por mais três dias.
Frey é conhecido por reportagens sobre a ocupação israelense na Cisjordânia em veículos como Haaretz e YNET, conforme apurado pelo Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).
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Declaração sobre soldados mortos motivou abertura de inquérito
O post que motivou a investigação e que levou o jornalista a ser preso ocorreu após a morte de cinco soldados de Israel em Gaza.
Na publicação no X, Frey afirmou:
“O mundo está melhor nesta manhã sem cinco jovens que participaram de um dos crimes mais horríveis contra a humanidade.”
Seus advogados, Riham Nassra e Michal Pomeranz, disseram ao CPJ que a frase não configura apoio legal ao terrorismo, classificando a prisão como um “ato político”.
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Reação oficial de Israel à prisão de jornalista por post no X
O Ministério Público respondeu ao CPJ com uma cópia do documento judicial referente ao caso. Já a polícia e o Ministério da Segurança Nacional emitiram nota conjunta afirmando que vão “agir com firmeza contra qualquer um que incite ou expresse apoio ao inimigo”.
Antes da prisão pelo post no X, Frey contou ao CPJ que esta era a terceira vez que era investigado por suposta incitação em postagens. Nas vezes anteriores, os processos contra o jornalista foram arquivados.
Em outubro de 2023, ele chegou a se esconder após sua casa ser atacada por extremistas de direita, após declarações em apoio aos palestinos em Gaza.
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CPJ denuncia intolerância crescente à liberdade de expressão
Segundo o CPJ, desde o início da guerra entre Israel e Gaza, em 7 de outubro de 2023, as autoridades israelenses já prenderam 85 jornalistas palestinos.
No entanto, esta é a primeira vez no período em que um jornalista israelense é detido e investigado por expressar opinião, de acordo com a organização.
“A prisão do jornalista Israel Frey pelas autoridades israelenses evidencia a crescente intolerância das autoridades à liberdade de expressão desde o início da guerra, em 7 de outubro de 2023”, disse a diretora regional do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), Sara Qudah.
“As autoridades israelenses devem liberar imediatamente Frey e todos os jornalistas palestinos detidos, e acabar com a repressão contínua à imprensa e às vozes dissidentes.”
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