- O que aconteceu: Rebeldes Houthis estão usando as redes sociais X e WhatsApp para vender armas no Iêmen, incluindo armamentos de origem norte-americana, violando políticas das plataformas e sanções internacionais.
- O grupo terrorista sancionado pelos EUA movimenta um mercado aberto nas redes, com lucro para as big techs.
A oferta de armas pelos Houthis nas redes sociais é o foco de uma investigação que revela como X e WhatsApp Business têm sido usados por militantes no Iêmen para vender armamentos pesados, sem ação efetiva das plataformas.
Como as redes sociais facilitam o comércio de armas no Iêmen
Plataformas digitais controladas por Elon Musk e pela Meta estão sendo utilizadas como vitrines para um mercado ilegal de armas operado por militantes houthis no Iêmen.
A denúncia foi feita em um novo relatório da ONG Tech Transparency Project (TTP), publicado nesta terça-feira (15), revelando como o X (antigo Twitter) e o WhatsApp Business hospedam atividades de venda de armamentos pesados, incluindo armamentos de origem norte-americana.
Fuzis de assalto, lançadores de granadas e armas com marcas como “Property of U.S. Govt” são anunciados por contas com simbologia houthi, localizadas majoritariamente em Sanaa, capital controlada pelo grupo.
Os compradores são direcionados a contas de WhatsApp Business, algumas com catálogos completos de produtos, de acordo com a investigação.
Embora as plataformas afirmem ter políticas contra o tráfico de armas, a investigação mostra que não houve ação eficaz para conter a prática, mesmo com posts monetizados pelo próprio X, ressalta o documento.
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Contas com selo azul promovem armas dos Houthis
A TTP identificou 130 contas no X com localização no Iêmen oferecendo armas.
Mais da metade delas está baseada em Sanaa e apresenta símbolos e mensagens de apoio aos Houthis. Algumas contas são verificadas com o selo azul, sinal de que pagam pelo serviço premium da plataforma.
Entre os armamentos anunciados, estão rifles AK-47, lançadores RPG soviéticos e fuzis M4 carbine com lançadores de granadas M203, identificados como propriedade do governo dos EUA.
Em muitos casos, as contas redirecionam os interessados para contatos via WhatsApp.
WhatsApp Business vira vitrine armamentista
Mais da metade das contas do X analisadas direcionavam para números de WhatsApp Business.
Esses perfis, com fotos e descrições comerciais, ofereciam armas diversas em catálogos acessíveis diretamente pelo aplicativo. Alguns apresentavam conexões com contas no Facebook e Instagram.
Apesar das políticas da Meta contra venda de armamentos, os perfis continuaram ativos. A TTP afirma que as imagens nos catálogos passam por revisão antes da publicação, levantando dúvidas sobre o processo de moderação da empresa.
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Anúncias em posts de armas geram receita para o X
A investigação também revelou que o X veiculou anúncios em respostas a posts de venda de armas, incluindo propagandas políticas e de produtos ligados a empresas de Elon Musk.
Essa prática contradiz as próprias diretrizes da plataforma, que proíbem monetização de conteúdo ilegal.
Alguns vendedores interagiram diretamente com Musk, comentando com fotos de armamentos em publicações do bilionário. Outros perfis utilizavam funcionalidades exclusivas de contas profissionais e premium, como vídeos longos e botões de gorjeta.
Negócio de armas nas redes desafia sanções
Os Houthis são considerados organização terrorista pelos Estados Unidos e estão sob sanções. O uso de plataformas norte-americanas para disseminar sua atividade comercial armamentista representa um risco direto à segurança nacional do país, destacou a TPP.
Segundo a ONG, o caso mostra uma falha grave na aplicação das políticas de moderação e levanta questionamentos sobre a responsabilidade das big techs em zonas de conflito.
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