• O que aconteceu:  Donald Trump anunciou que vai processar o magnata da mídia Rupert Murdoch após publicação de carta que o liga ao pedófilo Jeffrey Epstein.
  • A revelação ocorre em meio à pressão para que Trump libere arquivos do caso, promessa feita durante sua campanha.

A revelação de um suposto bilhete enviado por Trump ao financista Jeffrey Epstein em 2003, com desenhos obscenos, feita pelo The Wall Street Journal nesta quinta-feira (17) levou o presidente dos EUA a ameaçar processar Rupert Murdoch e marcou o rompimento com mais um de seus grandes aliados na mídia.

Suposta carta de Trump a Epstein abala relação com império midiático

Durante sua primeiro mandato e na segunda campanha presidencial, Donald Trump contou com apoio massivo da Fox News, pertencente ao conglomerado de Rupert Murdoch, que também controla o Wall Street Journal.

O canal amplificou sua mensagem populista e teve papel decisivo na consolidação de sua base política. Diversos apresentadores e comentaristas assumiram cargos no governo Trump. 

Mas a relação começou a se deteriorar Murdoch expressar descontentamento com a guerra fiscal iniciada pelo presidente dos EUA logo após a posse, em janeiro.

Agora, veio o rompimento público. A crise foi deflagrada pela reportagem do Wall Street Journal, que revelou a existência de uma carta supostamente enviada por Trump a Epstein em 2003.

O documento inclui um desenho obsceno e mensagens ambíguas. 

A carta faria parte de um caderno de aniversário preparado por Ghislaine Maxwell, então namorada de Epstein.

Ele morreu na cadeia em Nova York em 2019, condenado por crimes sexuais e prestes a enfrentar julgamentos por novas acusações. Maxwell foi condenada e está presa nos EUA. 

Trump reagiu com fúria à publicação da carta pelo The Wall Street Journal, negou a autenticidade do documento. Ele classificou a publicação como “ataque pessoal”.

Em declaração pública, afirmou que processará Murdoch e seus veículos por difamação.

Promessa sobre arquivos de Epstein pressiona Trump

O embate ocorre em um momento em que Trump é cobrado por sua base a cumprir a promessa de campanha de divulgar os arquivos do caso Epstein.

O financista foi acusado de tráfico sexual de menores, e o Departamento de Justiça afirmou recentemente que não existe uma “lista de clientes”, declarando o caso encerrado.

O pronunciamento gerou revolta entre apoiadores, alguns dos quais passaram a queimar bonés com o slogan “Make America Great Again” e a questionar a liderança de Trump no movimento MAGA.

Em resposta, ele ordenou à procuradora-geral Pam Bondi que solicite ao tribunal a liberação das transcrições do Grande Júri. A medida é interpretada como tentativa de conter a crise e reafirmar seu compromisso com a transparência.

Murdoch não foi o único bilionário a romper com Trump

A ruptura com Rupert Murdoch ocorre semanas após Donald Trump também encerrar sua aliança com Elon Musk.

O motivo foi a dura crítica de Musk ao pacote fiscal apelidado de “One Big Beautiful Bill”, que propõe cortes de impostos para os mais ricos, aumento de tarifas de importação e restrições a programas sociais.

Musk classificou o projeto como “abominação repugnante” e acusou Trump de levar o país à falência. Em retaliação, o presidente ameaçou cortar todos os subsídios federais às empresas de Musk e sugeriu revogar sua cidadania americana.

Os dois iniciaram uma guerra pelas respectivas redes sociais das quais são donos, Truth Social e X.

Nesta semana, Elon Musk direcionou sua artilharia para o escândalo Jeffrey Epstein, pressionando publicamente Trump a autorizar a publicação dos arquivos completos sobre o caso. 

Beautiful Bill acirra divisão entre elites

Apresentado como solução para o déficit, a “One Big Beautiful Bill” se tornou divisor de águas.

Ele revoga subsídios à energia limpa, elimina incentivos a carros elétricos — afetando diretamente a Tesla de Musk — e impõe tarifas a produtos de quase 50 países.

Rupert Murdoch e Elon Musk se posicionaram contra o projeto, preocupados com os efeitos sobre a economia e a dívida pública. Analistas estimam que o pacote pode elevar o déficit dos EUA em mais de US$ 3 trilhões na próxima década.

Trump se isola de aliados estratégicos na mídia 

Com os rompimentos sucessivos, Trump se vê cada vez mais isolado. A Fox News reduziu sua cobertura favorável, e Musk lançou o “America Party”, partido que pretende romper com o sistema bipartidário tradicional.

A crise revela os limites da coalizão trumpista e levanta dúvidas sobre sua capacidade de manter o apoio da elite midiática e econômica.

Em meio à polarização e à aproximação das eleições legislativas, Trump aposta em uma retórica nacionalista, mesmo que isso signifique romper com antigos aliados que são fundamentais para assegurar o apoio da base eleitoral por meio de suas empresas de mídia poderosas e influentes.