Redes sociais ganham espaço como fonte de informação, enquanto TV e jornais impressos perdem relevância no consumo de notícias, especialmente entre os mais jovens.
O Digital News Report 2025, uma pesquisa global com quase 100 mil pessoas em 48 países, incluindo o Brasil, revela uma profunda transformação nos hábitos de consumo de notícias. Plataformas sociais e de vídeo estão superando veículos tradicionais como fonte de informação.
A mudança é especialmente forte entre os mais jovens: 44% das pessoas entre 18 e 24 anos usam redes sociais como principal fonte. O fenômeno desafia a mídia tradicional, que luta para se adaptar à linguagem, ao formato e ao ritmo das novas plataformas.
1. Nos EUA, redes sociais superam a TV como fonte de notícias
Nos Estados Unidos, o uso de redes sociais como fonte de notícias ultrapassou o da televisão pela primeira vez, com aumento de seis pontos percentuais. Personalidades como Joe Rogan foram mencionadas como fonte por 22% da amostra — um exemplo do poder dos influenciadores na formação do discurso público.
O relatório também destaca o crescimento da plataforma X (ex-Twitter) entre usuários mais alinhados à direita, em um movimento que desafia ainda mais o jornalismo convencional.
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2. Brasil acompanha (e intensifica) a tendência global
No Brasil, as mudanças são ainda mais drásticas. O uso de jornais impressos caiu para apenas 10%, em comparação com 50% em 2013. Plataformas como YouTube e Instagram lideram o consumo semanal de notícias, com 37% cada.
No YouTube, criadores de conteúdo independentes — focados total ou parcialmente em notícias — superam os veículos tradicionais em audiência: 82% da atenção vai para esses criadores, contra 22% para jornalistas profissionais.
3. Influenciadores ganham espaço (e influência)
O deputado Nikolas Ferreira, por exemplo, atingiu mais de 300 milhões de visualizações no Instagram ao criticar uma regulamentação fiscal com informações imprecisas.
Outros nomes como Gustavo Gayer e Virgínia Fonseca também foram citados no relatório pelo seu alto alcance e impacto na agenda pública.
4. Cresce a preocupação com desinformação
Apesar do crescimento de novas fontes, 58% dos entrevistados expressam preocupação com a dificuldade de saber o que é verdadeiro ou falso online.
Quando têm dúvidas, 38% ainda recorrem a veículos confiáveis, e 35% buscam fontes oficiais — um sinal de que o jornalismo profissional mantém seu papel de verificação.
5. Confiança nas notícias se estabiliza no Brasil
No Brasil, a confiança nas notícias se manteve estável em 42% nos últimos três anos, após queda acentuada entre 2015 e 2023. Veículos como O Globo, Estadão e Folha continuam entre os mais confiáveis.
6. O desafio de engajar os jovens
Um dos maiores obstáculos enfrentados pelos veículos tradicionais é alcançar o público jovem masculino, que tem se identificado mais com influenciadores do que com a imprensa convencional.
7. Papel estratégico das plataformas
O relatório mostra que as plataformas, ao mesmo tempo em que viabilizam o acesso à informação, também são ambiente fértil para desinformação.
Essa dualidade exige novos esforços de regulação, educação midiática e inovação por parte dos editores.
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