Uma exposição em Londres está reunindo mais de 20 artistas internacionais para discutir como a tecnologia transformou as percepções de beleza e identidade.

Em cartaz na Somerset House, Virtual Beauty apresenta fotografias, esculturas, instalações e vídeos que exploram o impacto das redes sociais, da inteligência artificial e dos avatares digitais na autoimagem.

A mostra propõe uma reflexão crítica sobre quem define os padrões estéticos na era das plataformas e como esses padrões moldam o modo como nos vemos — e somos vistos.

Redes sociais, IA e avatares: a construção da beleza online

Os curadores, Gonzalo Herrero Delicado, Mathilde Friis e Bunny Kinney, selecionaram artistas que trabalham com linguagens visuais diversas, do hiper-realismo à abstração digital.

A exposição Virtual Beauty destaca como a autoimagem é moldada por fatores culturais, tecnológicos e econômicos, apontando para um cenário em que a beleza é cada vez mais mediada por dispositivos e aplicações.

Confira os destaques da exposição sobre beleza na era digital 

Arvida Byström critica os padrões de beleza replicados por ferramentas de inteligência artificial e a sexualização do corpo feminino na instalação A Daughter Without A Mother (2022).

Duas mulheres loiras com roupa rosa é uma das imagens que estão em exposição na Somerset Housea, Virtual Beauty
Arvida Byström – coexist (2022) – Courtesy of the artist / Virtual Beauty
Duas mulheres ruivas de biquine preto sentadas em um fundo rosa.
Arvida Byström – Harmony (2022) – Courtesy of the artist / Virtual Beauty

Filip Ćustić apresenta pi(x)el (2022), uma escultura hiper-realista de silicone com telas de LED, que convida o público a reconfigurar gênero, raça e idade.

Perfil de mulher com telas de LED no rosto e na cabeça
Filip Custic – pi(x)el (2022) – CourtesyOnkaos – 1 / Virtual Beauty
Escultura de mulher com telas de LED no rosto, cabeça e pescoço. A imagem faz parte da mostra Beleza Virtual
Filip Custic – pi(x)el (2022) – pi(x)el – CourtesyOnkaos / Virtual Beauty

Cullen Williams examina a percepção da beleza por meio de retratos gerados pela inteligência artificial.

Retrato gerado por IA mostra rosto de mulher com o batom borrado
Ben Cullen Williams and Isamaya Ffrench. Past Life 08 (2021)/ Virtual Beauty
Retratos de homens e mulheres gerados por IA
Ben Cullen Williams and Isamaya Ffrench. Past Life Grid (2021). Courtesy of the artist / Virtual Beauty

Qualeasha Wood combinou técnicas cibernéticas e analógicas em tapeçarias que exploram raça, sexualidade e gênero a partir do corpo negro feminino.

Imagens que mostram o corpo negro feminino
Qualeasha Wood. It’s All For U (If U Rlly Want It 2024 Courtesy of the artist and Pippy Houldsworth Gallery, London / Virtual Beauty

“Excellences & Perfections”, de Amalia Ulman, uma análise sobre a autenticidade das personas nas mídias sociais.  

Menina tirando foto com o celular em frente ao espelho. A imagem participa da exposição Virtual Beauty
Amalia Ulman. Excellences & Perfections (Instagram Update, 1st June 2014/2015). Courtesy of the artist and Deb / Virtual Beauty

Minne Atairu questiona a representação da identidade negra com imagens geradas por IA a partir de bancos de dados com viés racista.  

Imagem gerada por IA de duas mulheres negras com laços na cabeça. A imagem é uma das atrações da mostra Beleza Virtual
Minne Atairu. Blonde Braids Study II (2023). Courtesy of the artist / Virtual Beauty

Lil Miquela, influenciadora virtual reconhecida pela revista Time, desafia a distinção entre o real e o artificial ao atuar como modelo e ativista digital.

Mulher vestida com roupas colorida e com borboletas azuis pousadas na cabeça e na roupa
Lil Miquela – Re-birth of Venus – courtesy of artist and @brud / Virtual Beauty

O coletivo formado por M.C. Abbott, María Buey González e Carl Olsson propõe uma era “pós-facial” com a obra Peak Face (2021), que usa realidade aumentada para questionar a centralidade do rosto na identidade.

Rosto azul em um fundo verde. A imagem faz parte da exposição Beleza Virtual
M.C. Abbot, María Buey González, Carl Olsson – Peak Face Video Stills (2021) / Virtual Beauty

Michael Wallinger investiga a percepção de si próprio nas plataformas com Iterative Body Synthesis (2022), uma interface digital baseada na identidade virtual “sisi.spec”.

Instalação de TV e vídeo na exposição Beleza Virtual
Michael Wallinger – Iterative body Synthesis (2022 – ongoing ) / Virtual Beauty

Harriet Davey e Angelfire exploram a multiplicidade de identidades alternativas nos espaços digitais, por meio de avatares e ambientes virtuais.

Avatar de Xena. A imagem está em exposição na Somerset House, Virtual Beauty
Angelfire, XENA (2021). Courtesy of the artist / Virtual Beauty

Andrew Thomas Huang e James Merry são os autores da série Björk Virtual Avatars, apresentando representações da cantora islandesa em formas fantásticas e futuristas.

Björk Virtual Avatars apresentando representações da cantora islandesa em formas futuristas
Andrew Thomas Huang & James Merry. Bjork Virtual Avatars (2017). Interactive 3D digital sculpture. Courtesy of the artist. / Virtual Beauty

Frederik Heyman participa da mostra com Virtual Embalming, um memorial digital que propõe reflexões sobre como queremos ser lembrados no pós-vida digital.

Memorial digital é uma das imagens que participam da mostra Virtual Beauty
Frederik Heyman. Virtual Embalming, Michèle Lamy (2018). Courtesy of the artist / Virtual Beauty

Ben

O projeto “The Objectuals”, do artista coreano Hyungkoo Lee, apresenta uma exploração da biologia transformada. São retratos em C-print onde os modelos usam capacetes esculturais, projetados pelo artista para incorporar lentes que contorcem diversas características faciais.

O projeto contempla percepções culturais do que pode ser percebido como real em relação ao corpo, objetivando os desejos de manipular visualmente a forma humana.

Mulher com capacete de acrílico. A foto participa da mostra Beleza Virtual
Hyungkoo Lee. Altering Facial Features with WH5 (2010). Courtesy of the artist / Virtual Beauty

“I’d rather be a cyborg” é a primeira imagem da instalação da artista Ines Alpha que reimagina a própria beleza e identidade dando vida a uma visão cibernética. O rosto é uma tela em branco pintada com maquiagem 3D.

Modelo com maquiagem 3D estilo cyborg
Ines Alpha. I’d rather be a cyborg (2024). Photograph by Li Roda-Gil. Courtesy of the artist (1) / Virtual Beauty

“Omniprésence” (1993), de ORLAN, é uma performance inovadora na qual a artista transmitiu ao vivo sua própria cirurgia estética facial para criticar os ideais de beleza ocidentais.

Rosto com marcações para cirurgia estética. Performance que participa da exposição Beleza Virtual
ORLAN – La Réincarnation de Sainte ORLAN ou images nouvelles images 7ème Opération chirurgicale performance / Virtual Beauty
Equipe e paciente em sala de cirurgia
ORLAN – La Réincarnation de Sainte ORLAN ou images nouvelles images 7ème Opération chirurgicale performance / Virtual Beauty

As obras em Virtual Beauty mostram que, ao mesmo tempo em que essas ferramentas oferecem possibilidades de expressão e reinvenção, também impõem limites e reproduzem desigualdades.

A exposição propõe uma leitura crítica e contemporânea sobre quem detém o poder de definir o que é belo.