Com mais de 155 milhões de exemplares vendidos em 40 idiomas e presença em mais de 100 países, o Guinness World Records completa 70 anos nesta quarta-feira (27), consolidado como o livro de recordes mais conhecido do mundo.
Criado inicialmente para resolver discussões em pubs britânicos, a publicação se transformou em referência global de feitos extraordinários — dos mais admirados como vitórias esportivas aos mais excêntricos e inúteis.
Recordes em papel e na internet
Referência na cultura pop o Guinness soube se adaptar aos formatos e plataformas da mídia digital. Ele tem mais de 41 milhões de seguidores no Facebook, 28 milhões no TikTok, 13 milhões no YouTube e 11 milhões no Instagram.
Leitores do papel e internautas continuam se divertindo com recordes inusitados como o da brasileira Elaine Davidson, com 3 kg de piercings no corpo, o da pessoa que conseguiu usar mais gravatas ao mesmo tempo (360), ou a d pessoa com a maior língua do mundo.

70 anos do livro Guinness: de caçada na Irlanda a fenômeno editorial
A história do Livro Guinness de recordes começou na verdade há mais de 70 anos. Em 1951, Hugh Beaver, então diretor da cervejaria Guinness, participava de uma caçada no interior da Irlanda.
Durante o evento, um debate sobre qual seria a ave de caça mais rápida da Europa — sem resposta disponível em livros da época — despertou a ideia de criar uma publicação que pudesse encerrar esse tipo de disputa, comum em bares britânicos.
Três anos depois, Hugh convidou os irmãos Norris e Ross McWhirter, pesquisadores da Fleet Street, rua londrina onde ficavam localizados os principais jornais ingleses, para compilar um livro de fatos e estatísticas verificáveis.
O projeto, desenvolvido em um pequeno escritório foi concluído em apenas 13 semanas e meia de trabalho intenso, com jornadas de 90 horas semanais, incluindo fins de semana e feriados.
O resultado foi a primeira edição do Guinness Book of Records, lançada em 27 de agosto de 1955. O livro rapidamente se esgotou nas livrarias do Reino Unido, tornando-se um best-seller e iniciando uma trajetória editorial que atravessaria gerações e fronteiras.
Hoje, o Guinness é uma marca global, com escritórios em Londres, Nova York, Pequim, Tóquio e Dubai. A organização atua também em programas de televisão, redes sociais, eventos ao vivo, projetos educacionais e corporativos, patrocinados por empresas.
Curiosamente, o livro não trouxe até hoje a resposta à pergunta que inspirou sua criação — a ave de caça mais rápida da Europa. Ela seria o merganso de peito vermelho, mas não há confirmação oficial.
Os recordes destacados pelo Guinness em 70 anos
Neste vídeo, o Guinness reuniu os recordes mais curiosos e importantes registrados nos 70 anos do livro.
Como o livro valida os recordes
Os registros do livro Guinness são conferidos por especialistas que validam os recordes submetidos, prometendo critérios rigorosos de verificação e imparcialidade.
O livro é conhecido tanto por feitos atléticos emblemáticos — como o recorde de Usain Bolt nos 100 metros rasos, com 9,58 segundos — quanto por façanhas peculiares, como a maior coleção de patos de borracha ou maior sanduíche do mundo. Confira algumas delas
A brasileira dos piercings
Elaine Davidson, enfermeira afro-brasileira casada com um irlandês, conquistou em 2023 o título de mulher com mais piercings no mundo: 15 mil, pesando ao todo 3 kg.
Maior número de recordes mundiais pessoais ativos
Ashrita Furman (EUA) é conhecido como o “rei dos recordes”. Ele já estabeleceu mais de 600 recordes ao longo da vida, e mantém mais de 200 ativos — incluindo correr com garrafa de leite na cabeça e pular corda em um trampolim.
Pele mais elástica
Uma condição médica também pode valer o estrelato no Guinness. O britânico Garry Turner é o dono deste registro desde 1999 por ser portador da Síndrome de Ehlers-Danlos – uma doença do tecido conjuntivo em que o colágeno se torna defeituoso e inclui o afrouxamento da pele e articulações. Ele pode esticar a pele do estômago em até 6,25cm sem sentir dor.
Maior número de taças de vinho equilibradas na cabeça
Arshdeep Singh (Índia) conseguiu equilibrar 511 taças de vinho em sua cabeça, quebrando o recorde anterior e criando uma imagem surreal de equilíbrio e precisão.
Maior número de gravatas no pescoço
Sheila Bolton (Canadá) vestiu 360 gravatas ao mesmo tempo, cobrindo completamente o pescoço e parte do rosto. O recorde foi validado com regras específicas de sobreposição e segurança.
Cães recordistas
O Guinness reúne uma vasta coleção de recordes envolvendo animais, com destaque para os cães, sempre prontos a ajudarem seus donos a conquistar fama global. Neste vídeo em comemoração aos 60 anos, o livro apresentou alguns deles.
Programa de rádio mais longo ao vivo
Nnamdi Ehirim, da Nigéria, apresentou um talk show de rádio por mais de 4 dias consecutivos, sem pausas longas, quebrando o recorde de transmissão contínua ao vivo.
O Brasil no livro dos recordes
O espírito divertido do livro também inspirou brasileiros a buscarem um espaço na lista de feitos inusitados, e em alguns casos com motivação social ou como resultado de eventos patrocinados.
Recolhimento de latas para reciclagem
No Carnaval de 2023, um mutirão liderado pelo Sesc no Rio de Janeiro entrou para o livro. Foram 8.825,60 kg de latinhas de alumínio coletadas para a reciclagem em cinco dias, durante os desfiles das escolas de samba na Sapucaí.
kitesurf remoto por 5 km em um mês
A campanha “Kite for the Ocean”, organizada pela Winds for Future Brasil, preencheu o céu de 14 países com kitesurfistas conectados para bater um recorde mundial.
Moldes dentários
A dentista paulista Rosemeire Aparecida Marques conquistou seu registro no Guinness por uma coleção de 3.659 moldes dentários de seus pacientes, coletados durante 30 anos.
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