Em resumo
- Pesquisa global revela as cinco ameaças mais temidas em 25 países.
- No Brasil, doenças infecciosas lideram a lista, à frente das fake news.
A nova pesquisa do Pew Research Center revelando as principais ameaças globais em 2025 traz fake news online no topo, mas cada país tem sua própria prioridade.
A propagação de fake news na internet lidera a lista de percepção sobre o que são atualmente principais ameaças globais, segundo uma nova pesquisa do Pew Research Center em 25 países, incluindo o Brasil. Mais de sete em cada 10 entrevistados disseram considerar a desinformação o maior risco.
O levantamento revela uma preocupação crescente com a desinformação online, superando o medo do terrorismo, das doenças infecciosas, dos efeitos das mudanças climáticas e da crise econômica.
Além de avaliar a percepção global, o levantamento identificou a ameaça mais citada individualmente em cada país, e o Brasil surpreendeu.
No país, a maior preocupação é com a propagação de doenças infecciosas, reflexo do trauma da Covid-19, mencionada por 91% dos entrevistados. A desinformação aparece em segundo lugar, com 84%.
Um dado surpreendente é que as mudanças climáticas não ficaram em primeiro lugar como preocupação maior em nenhum dos 25 países (apenas na Hungria ela empatou com desinformação), apesar dos eventos climáticos extremos cada vez mais severos.
A seguir, conheça as cinco ameaças mais temidas no mundo hoje — e o que explica a posição de cada uma no ranking da preocupação pública.
1. Fake news: a mais temida entre as principais ameaças globais
Uma maioria expressiva — 72% dos entrevistados — considera a propagação de informações falsas na internet uma ameaça significativa.
A desinformação aparece como principal preocupação em sete países, incluindo Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha, todos com histórico recente de eleições polarizadas.
O alerta é quase unânime: em 24 dos 25 países pesquisados, a maioria da população vê as fake news como ameaça importante. Israel é a única exceção.
Nos últimos anos, a preocupação aumentou em democracias consolidadas, como Polônia, Suécia, Hungria, França e Alemanha. Grupos mais velhos e com perfil político mais à esquerda tendem a se preocupar mais, especialmente nos EUA.
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2. Economia global: temor ligado à situação doméstica
Logo atrás das fake news, a condição da economia global é vista como ameaça importante por 70% das pessoas.
A preocupação é especialmente alta na Grécia e na Austrália, onde o tema aparece como a maior ameaça individual.
O dado revela que a visão sobre a economia global está frequentemente conectada ao desempenho das economias locais. Desde 2017, o temor aumentou em 21 países.
3. Terrorismo: foco em países do Oriente Médio e África
A preocupação com o terrorismo é citada por 69% dos entrevistados como ameaça significativa. É a principal inquietação em Índia, Israel, Nigéria e Turquia.
O caso de Israel é notável: a pesquisa foi realizada cerca de um ano e meio após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023. Entre os judeus israelenses, 96% veem o terrorismo como ameaça importante.
Em países de rendimento médio, a percepção de ameaça é mais alta do que em nações ricas. Adultos mais velhos, com menor escolaridade e inclinados à direita política também tendem a ver o terrorismo com mais preocupação.
4. Mudanças climáticas: ameaça crescente, mas secundária
Embora 67% vejam as alterações climáticas como ameaça importante, o tema não lidera as preocupações em nenhum dos 25 países pesquisados.
Isso pode estar relacionado ao negacionismo climático que se propaga não apenas nas redes sociais mas também em veículos de imprensa tradicionais em países importantes como os EUA – situação agravada após a volta de Donald Trump ao poder.
Apesar disso, a percepção de risco aumentou desde 2013 em países como França, Turquia, México e Reino Unido.
Há uma divisão clara por espectro político: pessoas à esquerda estão mais propensas a ver o clima como ameaça do que aquelas à direita.
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5. Doenças infecciosas: principal preocupação no Brasil
Quase dois anos após o fim da fase mais aguda da pandemia de COVID-19, a propagação de doenças infecciosas ainda preocupa 60% dos entrevistados em média global — mas o número é bem mais alto em países como o Brasil.
No Brasil, o tema foi citado por 91% dos adultos como ameaça significativa, fazendo das doenças infecciosas a maior preocupação nacional — à frente até da desinformação (84%).
Argentina e África do Sul também colocaram as doenças em primeiro lugar. Em países de renda média, como Quênia (88%), Turquia (87%) e Indonésia (86%), a preocupação permanece elevada.
Já em nove economias avançadas, o temor caiu de 74% em 2020 para 50% este ano.