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Astrofotografia

Galáxias, auroras e a Terra do espaço: Observatório de Greenwich revela vencedores de seu concurso de fotos do céu

Imagem especial do Fotógrafo de Astronomia do Ano da ZWO 2025 tirada pelo astronauta da NASA Don Pettit. Terra vista da órbita foi registrada durante a Expedição 72 à ISS.

© Don Pettit / Fotógrafo de Astronomia do Ano 17/2025 do ZWO do Royal Observatory Greenwich.



As imagens anunciadas pelo Observatório de Greenwich como vencedoras de seu concurso anual de astrofotografia em 2025 revelam cores e formas de galáxias, constelações auroras boreais e também da lua e do sol.

11Galáxias coloridas, nebulosas misteriosas, auroras mágicas, o sol ardente e lua brilhante estão entre as imagens registradas pelos vencedores do concurso de fotografia astronômica do Observatório Real de Greenwich, revelados nesta quinta-feira (11) em Londres.

O prêmio de Fotógrafo Astronômico do ano foi dividido entre os chineses Weitang Liang, Qi Yang e Chuhong Yu, que juntos registraram detalhes do núcleo da galáxia de Andrômeda (M31) usando um telescópio de longa distância instalado no Observatório AstroCamp, em Nerpio, na Espanha. A foto também foi eleita a melhor na categoria Galáxias.

A imagem vencedora geral do concurso de fotografia astronômica "O núcleo de Andrômeda', mostra detalhes do núcleo da galáxia de Andrômeda (M31), capturada com um telescópio de longa distância focal, no Observatório AstroCamp, em Nerpio, Espanha
© Weitang Liang, Qi Yang e Chuhong Yu / Fotógrafo de Astronomia do Ano 17/2025 do ZWO do Royal Observatory Greenwich.

Fundado em 1675, o observatório é o “lar” da hora média mundial, sob a sigla GMT (Greenwich Median Time). É reconhecido como um dos locais científicos históricos mais importantes do mundo.

O concurso deste ano premiou imagens em 11 categorias, algumas feitas por amadores especializados em fotos do céu que nada deixam a dever aos cientistas e fotógrafos profissionais. E um deles teve o privilégio de fotografar de um lugar especial: o próprio céu.

O astronauta da NASA Don Pettit recebeu um prêmio especial pelo registro da Terra vista do ano durante a expedição 72 à ISS (Estação Espacial Internacional). onde ele passou sete meses, até abril de 2025.

Imagem especial do Fotógrafo de Astronomia do Ano da ZWO 2025 tirada pelo astronauta da NASA Don Pettit. Terra vista da órbita foi registrada durante a Expedição 72 à ISS.
© Don Pettit / Fotógrafo de Astronomia do Ano 17/2025 do ZWO do Royal Observatory Greenwich.

 

Esta é uma das várias ­exposições temporais de campo estelar capturadas a partir da ISS usando um rastreador sideral de estrelas caseiro. Girando uma vez a cada 90 minutos, o rastreador neutraliza o movimento de atitude da ISS em órbita, permitindo que estrelas distantes sejam fotografadas como pontos fixos enquanto a Terra continua a girar abaixo – algo anteriormente impossível na fotografia orbital.

Galáxias, auroras, lua e sol: detalhes capturados pelos astrofotógrafos

Auroras boreais, o céu em cores vivas 

Coroa de luz, por Kavan Chay, Nova Zelândia

A melhor foto da Aurora Boreal foi registrada durante a tempestade G5, o nível mais extremo de tempestade geomagnética. O fotógrafo disse que nunca tinha visto tons vermelhos tão intensos.

A imgem foi feita em Tumbledown Bay, Little River, Nova Zelândia, em maio de 2024

O vencedor da categoria Aurora do concurso Fotógrafo Astronômico do Ano foi a imagem capturada durante a tempestade G5, o nível mais extremo de tempestade geomagnética
© Kavan Chay / Fotógrafo de Astronomia do Ano 17/2025 do ZWO do Royal Observatory Greenwich.
Arco celestial, por Luis Vilarño, Espanha

A segunda colocada é uma  aurora que lembra uma estrutura de neon em tons de verde, formando um imenso arco com mais de 180º de extensão. O fotógrafo espanhol registrou a imagem em Stokksnes, na Islândia, em dezembro de 2024

Uma aurora de neon verde, formando um imenso arco com mais de 180º de extensão, iluminando o céu da Islândia, foi a vice-campeã do prêmio de fotos astronômicas
© Luis Vilariño / Fotógrafo de Astronomia do Ano 17/2025 do ZWO do Royal Observatory Greenwich.
Galáxias

Na categoria Galáxias, os jurados do concurso reconheceram também o registro feito por um grupo de 12 fotógrafos amadores intitulado Deep Sky Collective. Eles trabalharam ao longo de seis meses para capturar a imagem Coincidências cósmicas: Quinteto de Deer Lick e Stephan em uma faixa de H-alfa.

A vice-campeã na categoria Galáxias mostra a região de Deer Lick, lar da NGC 7331 e do famoso Quinteto de Stephan, é uma impressionante demonstração de interação galáctica
© Deep Sky Collective / Fotógrafo de Astronomia do Ano 17/2025 do ZWO do Royal Observatory Greenwich.

A fotografia, que mostra a região de Deer Lick, lar da NGC 7331 e do famoso (para os astrônomos) Quinteto de Stephan, é uma impressionante demonstração de interação galáctica. No entanto, além de suas estruturas bem conhecidas, existe algo mais na imagem: um vasto fundo H-alfa, raramente capturado em astrofotografia amadora.

As capturas que compõe a foto foram feitas no Observatório Dark Sky do Novo México (EUA), entre julho e setembro de 2024

Lua
O traço da refração, por Marcella Giulia Pace, Itália

Esta imagem captura o fenômeno da refração atmosférica, em que a luz lunar atravessa camadas densas da atmosfera terrestre perto do horizonte, curvando-se de maneira semelhante aos raios de luz através de um prisma. Foi feita na Sicília, Itália, em abril de 2024.

Esta imagem captura o fenômeno da refração atmosférica
© Marcella Giulia Pace / Fotógrafo de Astronomia do Ano 17/2025 do ZWO do Royal Observatory Greenwich.

O tom vermelho da da lua retratado na foto pode ser explicado por um processo conhecido como espalhamento de Rayleigh (partículas menores na atmosfera espalham comprimentos de onda mais curtos de luz, resultando em comprimentos de onda mais longos, ou seja, o vermelho, sendo mais predominante).

Saturnrise, por Tom Williams, Reino Unido

A cena mostra o final de um eclipse lunar de Saturno em agosto. Embora raro em qualquer local na Terra, no ano de 2024 ocorreram dez ocultações semelhantes. O evento retratado a partir de Trowbridge, na Inglaterra, aconteceu perto da oposição de Saturno e coincidiu com a Lua quase cheia.

A cena mostra o final da ocultação lunar de Saturno em agosto. A imagem foi premiada no concurso de fotografia do céu do Observatório de Greenwich
© Tom Williams / Fotógrafo de Astronomia do Ano 17/2025 do ZWO do Royal Observatory Greenwich.
Sol
Região ativa da cromosfera do sol, por James Sinclair, EUA

A cromosfera é a parte mais “fotogênica” do sol. Composta por plasma de hidrogênio e hélio, ela é afetada pelos intensos e intrincados campos magnéticos solares. A cromosfera solar não muda apenas dia a dia, mas também a cada segundo, e é por isso que os astrofotógrafos solares se tornam obcecados por ela. A imagem foi feita em Cedar City (Utah/EUA), em setembro de 2024

A cromosfera solar não muda apenas dia a dia, mas também a cada segundo
© James Sinclair / Fotógrafo de Astronomia do Ano 17/2025 do ZWO do Royal Observatory Greenwich.
Um ‘bocejo’ do sol, por Zhang Yanguang, China

Esta sequência de imagens documenta a erupção de uma enorme proeminência solar. Ela começou como uma pequena protuberância na superfície do sol que posteriormente se expandiu para uma enorme estrutura de plasma no espaço, antes de finalmente se dissipar no vazio.

Esta sequência de imagens documenta a erupção de uma enorme proeminência solar, originada como uma pequena protuberância na superfície do sol
© Zhang Yanguang / Fotógrafo de Astronomia do Ano 17/2025 do ZWO do Royal Observatory Greenwich.

Usando 11 imagens capturadas sequencialmente, com aproximadamente 12 minutos de intervalo, o fotógrafo baseado em Xiamen, na China, documentou todo esse evento celeste entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025. É como se o sol tivesse dado um ‘bocejo’ cósmico, expandindo e liberando suas energias luminosas de plasma de volta para a extensão estelar.

Espaço,  planetas e cometas em imagens deslumbrantes

Pessoas e espaço
Sobrevoo lunar da ISS, por Tom Williams, Reino Unido

A foto mostra a Estação Espacial Internacional passando perto da lua, com seus painéis solares iluminados por trás pelo sol nascente. Na imagem, capturada em Trowbridge (Inglaterra) em outubro de 2024,  é possível perceber os os radiadores brancos iluminados pela luz da Terra em vez de receberem a luz solar direta.

A foto mostra a Estação Espacial Internacional passando perto da lua.
Foto: © Tom Williams / Fotógrafo de Astronomia do Ano 17/2025 do ZWO do Royal Observatory Greenwich.
Rotação, por Takanobu Kurosaki, Japão

No Hemisfério Norte, as estrelas parecem girar em torno de Polaris, que fica perto do polo celeste norte. Esse movimento, de cerca de 15 graus por hora de leste a oeste, é causado pela rotação da Terra.

A imagem retrata a roda-gigante do Mirageland, em Uozu, Japão
© Takanobu Kurosaki / Fotógrafo de Astronomia do Ano 17/2025 do ZWO do Royal Observatory Greenwich.

A imagem retrata em primeiro plano a roda-gigante do Mirageland, em Uozu, Japão, que só funciona à noite algumas vezes por ano. Ela tem 66 m de altura e 62,5 m de diâmetro e leva cerca de 15 minutos para completar um círculo.

Planetas, cometas e asteroides
Cometa 12P/Pons−Brooks fazendo uma reverência final, por Dan Bartlett, EUA

O cometa 12P/Pons−Brooks reagiu visivelmente aos ventos solares intensificados associados ao máximo solar, criando um espetáculo luminoso pela composição da cauda e de seu núcleo, cm uma nuvem brilhante de gás ao redor. A cena foi registrada em June Lake, Califórnia, em março de 2024.

O cometa 12P/Pons−Brooks reagiu visivelmente aos ventos solares intensificados associados ao máximo solar, criando um espetáculo de dinâmica de cauda e tons coloridos
© Dan Bartlett / Fotógrafo de Astronomia do Ano 17/2025 do ZWO do Royal Observatory Greenwich.
Satélites e tempestades, por Tom Williams, Reino Unido

A foto retrata Júpiter e duas das quatro maiores luas descobertas por Galileu – Europa e Calisto. Uma tempestade que atingiu o planeta se destaca como uma faixa branca perto do centro do disco e é nitidamente espelhada pela Grande Mancha Vermelha no hemisfério sul. A imagem feita de Trowbridge, na Inglaterra, em fevereiro de 2025, revela ainda a lua menor de Amalteia, que fica entre a Europa e o limbo ocidental de Júpiter.

A foto retrata Júpiter e duas das quatro maiores luas descobertas por Galileu - Europa e Calisto
© Tom Williams / Fotógrafo de Astronomia do Ano 17/2025 do ZWO do Royal Observatory Greenwich.

A beleza das paisagens celestes, das estrelas e nebulosas

Paisagens celestes
O cume, por Tom Rae, Nova Zelândia

A imagem em resolução máxima contém mais de um bilhão de pixels, resultado de 62 registros combinados A fotografia mostra os rios glaciais gêmeos com o núcleo da Via Láctea à esquerda. É possível ver ainda a constelação Cruzeiro do Sul.

Ela foi feita no Parque Nacional Aoraki/Mount Cook, Nova Zelândia, em abril de 2024.

A fotografia mostra os rios glaciais gêmeos com o núcleo da Via Láctea à esquerda da imagem, bem como o famoso Cruzeiro do Sul e outros ponteiros no alto do céu central.
© Tom Rae / Fotógrafo de Astronomia do Ano 17/2025 do ZWO do Royal Observatory Greenwich.
Trilhas em repouso, por Alex van Harmelen, Austrália

Mesmo ancorado, o navio continuou a se mover com as correntes oceânicas. A foto captura esse movimento nas trilhas estelares, traçadas no céu noturno ao longo de um período de 20 minutos. As trilhas à direita têm uma amplitude vertical maior (as trilhas estelares à direita parecem mais altas, mostrando maior movimento vertical, devido à distorção), que se reduz a quase zero de amplitude à esquerda. Isso se deve à rotação da Terra em torno do polo celeste sul, posicionado à esquerda da foto.

Trilhas estelares, traçadas no céu noturno ao longo de um período de 20 minutos
© Alex van Harmelen / Fotógrafo de Astronomia do Ano 17/2025 do ZWO do Royal Observatory Greenwich.

A imagem foi feita Porto Príncipe Frederick, na Austrália, em julho de 2024

Estrelas e nebulosas

M13: Uma exposição ultraprofunda do popular aglomerado, por Distant Luminosity (Julian Zoller, Jan Beckmann, Lukas Eisert, Wolfgang Hummel), Alemanha

M13, ou Grande Aglomerado de Hércules, é um dos aglomerados globulares mais destacados e bem estudados do céu setentrional. Descoberto por Edmond Halley em 1714, está localizado na constelação de Hércules e fica a cerca de 22,2 mil anos-luz da Terra. O M13 é visível a olho nu com céu escuro e pode ser facilmente observado com binóculos ou um pequeno telescópio.

M13, ou Grande Aglomerado de Hércules, é um dos aglomerados globulares mais proeminentes e bem estudados do céu setentrional
© Distant Luminosity / Fotógrafo de Astronomia do Ano 17/2025 do ZWO do Royal Observatory Greenwich.

A imagem profunda do aglomerado mostra até nebulosas de fluxo integradas (IFN). Embora M13 seja um dos objetos astronômicos mais fotografados, existem apenas algumas imagens profundas que mostram a profusão de pequenas galáxias de fundo no campo.

Véu de estrelas, por Zixiong Jin, China

Esta imagem retrata a NGC 6960, também conhecida como Nebulosa do Véu, fotografada no Texas em novembro de 2024. Para capturar seus detalhes intrincados e cores vibrantes, Zixiong Jin utilizou diversos recursos. Ele recortou um mosaico maior para ilustrar melhor o conceito e a forma do “véu” usando uma composição única.

Esta imagem mostra a NGC 6960, também conhecida como Nebulosa do Véu.
© Zixiong Jin / Fotógrafo de Astronomia do Ano 17/2025 do ZWO do Royal Observatory Greenwich.

JHoveno Concurso de Fotografia Astronômica

Encontro através de anos-luz, por Yurui Gong e Xizhen Ruan, China

Os dois chineses dividiram o prêmio de Fotógrafo Revelação com uma cena capturada por acaso, retratando uma bola de fogo brilhante da chuva de meteoros Perseidas que parece atingir M31, a Galáxia de Andrômeda.

A imagem mostra o momento em que uma bola de fogo brilhante da chuva de meteoros Perseidas parece atingir M31, a Galáxia de Andrômeda.
© Yurui Gong e Xizhen Ruan / Fotógrafo de Astronomia do Ano 17/2025 do ZWO do Royal Observatory Greenwich.
Órion, a Cabeça de Cavalo e a Chama em H-alfa, por Daniele Borsari, Itália

O título de Jovem Fotógrafo Astronômico do Ano foi para Borsari em reconhecimento à foi feita com um filtro H-alfa em Bergamo para criar uma imagem monocromática destacando as nebulosas. No canto inferior esquerdo fica a Nebulosa Cabeça de Cavalo, também conhecida como Barnard 33. Um pouco à esquerda se vê  a Nebulosa da Chama, NGC 2024. E, por fim, no canto superior direito da imagem, está a M42, conhecida como Nebulosa de Órion. A imagem em preto e branco foca nas formas e contornos das nebulosas.

A imagem em preto e branco foca nas formas e contornos das nebulosas Órion, a Cabeça de Cavalo e a Chama em H-alfa e foi premiada na categoria Jovem Fotógrafo Astronômico do Ano
© Daniele Borsari / Fotógrafo de Astronomia do Ano 17/2025 do ZWO do Royal Observatory Greenwich.
C/2023 Tsuchinshan−ATLAS: O Grande Cometa de 2024, por Holden Aimar, EUA

Os jurados também destacaram a imagem de C/2023 A3 (Tsuchinshan−ATLAS), conhecido como o Grande Cometa de 2024, descoberto em 9 de janeiro de 2023 e fotografado em Michigan, nos EUA.

O C/2023 A3 (Tsuchinshan−ATLAS), conhecido como o Grande Cometa de 2024, foi um cometa da Nuvem de Oort
© Holden Aimar / Fotógrafo de Astronomia do Ano 17/2025 do ZWO do Royal Observatory Greenwich.

Ele ficou visível em todo o mundo até setembro e outubro de 2024. O Tsuchinshan−ATLAS tem um grande período orbital de 83 milhões de anos e provavelmente foi ejetado do Sistema Solar, o que significa que nunca mais retornará.

Quarta dimensão, por Leonardo Di Maggio, Reino Unido

A imagem usa dados de lentes gravitacionais (que ampliam galáxias distantes ao desviar a luz através de objetos imensos em primeiro plano) do Telescópio Espacial James Webb (JWST) e os combinam com uma fotografia que Leonardo Di Maggio tirou do interior de um meteorito.

A imagem usa dados de lentes gravitacionais (ampliam galáxias distantes ao desviar a luz através de objetos massivos em primeiro plano) do Telescópio Espacial James Webb (JWST) e os combinam com uma fotografia que Leonardo Di Maggio tirou do interior de um meteorito. A foto foi premiada na categoria Annie Maunder do concurso do Observatório Greenwich
© Leonardo Di Maggio / Fotógrafo de Astronomia do Ano 17/2025 do ZWO do Royal Observatory Greenwich.

No interior de alguns meteoritos, padrões são formados pelo resfriamento extremamente lento de ligas metálicas ao longo de milhões de anos, formando padrões geométricos que se assemelham bordas de caixas ou a prédios de uma cidade.

As imagens premiadas do Concurso Fotógrafo de Astronomia do Ano 2025 do Observatório Real de Greenwich estarão expostas no Museu Marítimo Nacional de Londres a partir do dia 12 de setembro.

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