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Morte de Charlie Kirk incendeia redes; Bluesky pede que usuários não glorifiquem violência

Charlie Kirk, ativista conservador assassinado nos EUA

Charlie Kirk foi assassinado durante evento em universidade (foto: perfil X).

A reação à morte de Charlie Kirk expôs tensões profundas sobre discurso violento e liberdade nas plataformas digitais como a Bluesky, obrigada a tomar posição contra ameaças a figuras políticas.


A morte do ativista conservador americano Charlie Kirk, assassinado a tiros durante um evento na Universidade Utah Valley, desencadeou uma série de manifestações inflamadas nas redes sociais, a ponto de a plataforma Bluesky ter sido obrigada a intervir publicamente.

A medida veio após a circulação de listas na plataforma com possíveis novos alvos políticos, compartilhadas por usuários em tom de  ameaça ou de celebração pelo crime.

Dois dias após o atentado, ocorrido no dia 10 de setembro, a Bluesky publicou um comunicado oficial condenando postagens que glorificavam o assassinato e reforçando suas diretrizes contra incitação à violência:

“Glorificar violência ou dano viola as Diretrizes da Comunidade. Avaliamos denúncias e tomamos medidas contra conteúdo que celebra violência contra qualquer pessoa.

A violência não tem lugar num discurso público saudável, e estamos comprometidos em promover conversas abertas e saudáveis.”

Um movimento atípico para a Bluesky

A Bluesky foi criada em 2019 como um projeto interno do Twitter, idealizado por Jack Dorsey, então CEO da empresa. O objetivo era desenvolver um protocolo descentralizado para redes sociais, oferecendo aos usuários maior controle sobre seus dados e experiências online.

A rede ganhou tração ao se posicionar como como alternativa ao X (antigo Twitter), atraindo usuários alinhados à esquerda descontentes com as mudanças na plataforma após a compra por Musk.

A tomada de posição no caso Kirk é uma mudança em sua postura tradicional, refletindo a alta tensão provocada pelo assassinado do ativista.

Elon Musk no X: apoio a narrativas que promovem vingança por Kirk

Apesar de ter emitido o comunicado, a Bluesky não é a única onde manifestações extremistas motivadas pelo assassinato de Kirk têm proliferado, com o potencial de incentivarem atos violentos na vida real, tanto pelos que apoiam suas teses como por quem está do outro lado do pensamento político.

Mas o clima polarizado está sendo favorecido pela narrativa de guerra adotada por seus seguidores e admiradores, em sintonia com o discurso de Donald Trump.

O presidente se referiu ao caso como “como consequência trágicas de demonizar aqueles com quem você discorda”, culpando a esquerda por comparar “americanos maravilhosos como Charlie a nazistas e aos piores assassinos em massa e criminosos do mundo.”

No X, o próprio Elon Musk, dono da rede, aderiu a essa narrativa, sem tentar combater o tom de vingança dos seguidores mais exaltados.

Ao comentar um post em que a mulher de Kirk, Erika, é citada como “podendo ser a próxima”, Musk afirma:

“Ou lutamos ou eles nos matarão”.

Alex Jones: “estamos em guerra”

O assassinato de Charlie Kirk tornou-se bandeira para diversas figuras de extrema direita influentes nas redes sociais e associadas discurso de ódio e desinformação, como Alex Jones, condenado por ter afirmado que o massacre na escola de Sandy Hook, na Flórida, teria sido uma encenação.

“Estamos em uma guerra”, disse Jones em uma transmissão ao vivo.

“A esquerda tem dito: ‘Coloque um alvo em Trump, um alvo em seus apoiadores.’ Eles têm pedido violência.”

O estrategista político Steve Bannon foi outro a defender essa visão, afirmando que o país está em guerra e que Kirk foi uma vítima dela.

Na sexta-feira, a mulher de Kirk, Erika, seguiu a mesma narrativa em seu primeiro pronunciamento após o assassinato, ao dizer que “quem o matou não sabe o que acabou por despertar”, e prometendo manter o legado da Turning Point, organização fundada por ele.

O assassinato de Kirk na Fox News

O conteúdo polarizado também se espalhou pela pela mídia tradicional e até pelo ambiente acadêmico.

Na Fox News, rede conservadora que ajudou a eleger Donald Trump duas vezes, o programa Os Cinco prestou homenagem ao ativista, com o apresentador Greg Gutfeld afirmando que “a única forma de derrubá-lo era matá-lo” — frase que gerou críticas e foi amplamente compartilhada.

A emissora também exibiu entrevistas com aliados de Kirk que acusaram “a esquerda radical” de fomentar um clima de ódio, ecoando o discurso de Donald Trump.

Na sexta-feira (13), o presidente americano participou de uma entrevista no programa Fox & Friends, em que revelou a “provável” prisão do acusado pelo FBI, notícia que seria confirmada horas depois em uma entrevista coletiva.

Tyler Robinson, de 22 anos, foi preso após uma caçada de dois dias.

Repercussão acadêmica em Oxford

No Reino Unido, o caso reverberou até na Universidade de Oxford, onde Charlie Kirk havia participado de um debate meses antes, promovido pela Turning Point.

Um líder sindical estudantil publicou uma carta aberta criticando a presença recorrente de figuras da extrema-direita no Oxford Union, chamando o assassinato de “consequência trágica de uma cultura que normaliza o extremismo sob o pretexto de liberdade acadêmica”.

A carta dividiu opiniões entre professores e estudantes, reacendendo discussões sobre os limites do pluralismo político nas universidades.

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